LUGAR DE MULHER É ONDE? Empoderamento e protagonismo feminino na Educação Matemática a partir de uma prática docente crítica e reflexiva
Educação Matemática; Estereótipos de gênero; Empoderamento feminino; Intervenção pedagógica
A presente pesquisa surge de um questionamento que ecoa na Educação Matemática: se a matemática é considerada neutra, por que ainda reproduz desigualdades de gênero? Então, respondendo ao título desta investigação, o lugar da mulher é onde ela quiser, inclusive nas Ciências Exatas, campos historicamente marcados pela predominância masculina e pelos estereótipos de gênero. O estudo busca responder à questão investigativa: “Como trabalhar as questões de gênero nas aulas de matemática e incentivar a participação das meninas em Ciências Exatas?”. Nosso objetivo principal é compreender a importância de abordar o gênero nas aulas de matemática, analisando como essa inserção contribui para desconstruir estereótipos e gerar novos sentidos para o ensino da disciplina. Para tanto, foram definidos três objetivos específicos: 1) desenvolver o Produto Educacional “Princesas que Calculam”, voltado à conscientização sobre estereótipos e preconceitos de gênero, enfatizando suas implicações para o empoderamento das meninas em Ciências Exatas; 2) identificar estereótipos, preconceitos e percepções de gênero presentes nas interpretações de estudantes do 6º ano de uma escola pública em relação à matemática e às carreiras em Exatas; e 3) refletir sobre a prática docente da autora em seu primeiro ano de ensino, considerando desafios, limites e possibilidades na condução de atividades que problematizam questões de gênero. A pesquisa é qualitativa e aplicada, inspirada na pesquisa-ação com enfoque em pesquisa-ensino, conduzida em uma turma de 6º ano de uma escola pública no sul de Minas Gerais. Uma das autoras atuou como professora-pesquisadora, permitindo uma dupla perspectiva: docente e investigadora. Os dados foram produzidos a partir do desenvolvimento do Produto Educacional, utilizando múltiplas fontes, como questionários, atividades do projeto, diário de campo e gravações de áudio. Os resultados iniciais, obtidos a partir dos questionários, indicam diferenças na percepção e relação com a matemática entre os gêneros. Os meninos apresentaram maior índice de respostas positivas sobre a disciplina, enquanto as meninas manifestaram incerteza e rejeição, sobretudo em relação a seguir carreiras em Ciências Exatas. As referências de inspiração mencionadas pelos estudantes concentraram-se em figuras próximas, como professoras e familiares, sendo a professora-pesquisadora a principal referência feminina citada pelas alunas. Observou-se que as meninas se inspiram em vínculos afetivos, enquanto os meninos tendem a citar figuras públicas masculinas. Esses achados evidenciam a necessidade de ampliar a visibilidade de mulheres em áreas de Exatas, fortalecendo o pertencimento das meninas e desconstruindo a percepção da matemática como um campo exclusivamente masculino. O trabalho se insere em um movimento que busca novas formas de pensar a relação entre matemática, gênero e escolarização.