MATEMÁTICA E LETRAMENTO RACIAL: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DECOLONIAL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL SOB A PERSPECTIVA DA LEI 10.639/2003.
Educação Matemática, Letramento Racial, Lei 10.639/2003.
MATEMÁTICA E LETRAMENTO RACIAL: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DECOLONIAL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL SOB A PERSPECTIVA DA LEI 10.639/2003
Em nossa pesquisa, abordamos a necessidade de superar o currículo hegemônico e eurocêntrico no ensino de Matemática, propondo um caminho para o letramento racial de estudantes do ensino fundamental. Nosso problema de pesquisa busca entender como práticas pedagógicas decoloniais, que integram as contribuições africanas para a Matemática, podem promover o letramento racial, desafiando a visão única e europeia que ainda prevalece na educação. Para alcançar nossos objetivos, o trabalho foi dividido em três frentes principais. Inicialmente, realizamos uma revisão bibliográfica para mapear e analisar as contribuições matemáticas de diversas civilizações africanas. Em seguida, criamos um produto educacional composto por um livro infantojuvenil ("O Livro de Kemet") e um guia para docentes, com o intuito de promover uma educação matemática em uma perspectiva decolonial e antirracista. Por fim, implementamos e analisamos esse produto em uma turma do 7º ano do Ensino Fundamental, em uma escola pública no interior de Minas Gerais. A metodologia de pesquisa adotada foi a abordagem qualitativa, com foco na observação participante. Nosso estudo busca compreender como estudantes constroem seus sentidos sobre a Matemática e sobre si mesmos ao se depararem com uma proposta pedagógica que valoriza as contribuições africanas. Os dados foram constituídos por meio de questionários, diário de campo e gravação das aulas. A análise resultou na construção de três categorias temáticas centrais: "Sentidos, Práticas e Aprendizagens em Matemática", "Identidade racial e representatividade" e "Afetos, diálogos e práticas decoloniais". As análises parciais revelam um movimento de aproximação e engajamento das e dos estudantes com a Matemática. Apesar do estranhamento inicial, o grupo demonstrou apropriação crítica e reconheceu que é possível aprender a disciplina de outras formas, mais sensíveis e contextualizadas. Os dados reforçam a tese de que a inserção de uma perspectiva decolonial e antirracista no ensino de Matemática pode contribuir para o letramento racial.