A dimensão afetiva e a docência: investigando possíveis relações com a prática de professores em exercício
Emoções. Inteligência Emocional. Formação de Professores.
A docência é uma atividade que ultrapassa a transmissão de conteúdos. Ela é atravessada por histórias, emoções e afetos que influenciam diretamente a prática pedagógica. No entanto, a dimensão afetiva, embora seja inerente à profissão, ainda aparece de forma pouco explorada nas discussões na formação e a prática docente. Partindo dessa problemática, esta pesquisa busca compreender como professores da Educação Básica se relacionam com a dimensão afetiva e de que forma ela impacta e influencia sua prática docente. O estudo fundamenta-se em autores como Henri Wallon, António Damásio, Daniel Goleman, Howard Gardner e outros, que discutem emoções, sentimentos, inteligência emocional e múltiplas inteligências, articulando esses conceitos com o campo educacional. O objetivo geral é investigar as relações entre afetividade e docência, considerando tanto a formação quanto a atuação profissional dos professores. De maneira mais específica, pretende-se: (i) identificar emoções frequentemente vivenciadas no cotidiano escolar; (ii) compreender de que maneira os docentes incorporam (ou não) a dimensão afetiva em suas práticas; e (iii) promover, por meio de um curso de formação continuada, reflexões sobre afetividade e suas implicações para a profissão docente. A pesquisa adota a abordagem qualitativa e possui duas etapas: a primeira, envolvendo a aplicação de um questionário a professores de uma escola pública de Minas Gerais, que auxiliou na estruturação de um curso de formação continuada voltado ao reconhecimento e manejo das emoções na docência; a segunda etapa consistiu na aplicação do curso e registro das avaliações dos participantes sobre o processo formativo. Neste relatório, apresentamos discussões sobre os dados obtidos com o questionário e os resultados apontam que os professores investigados reconhecem a presença constante de emoções positivas e negativas em sua prática, mas nem sempre conseguem elaborar estratégias para lidar com elas. As análises indicam que, embora a maioria reconheça a relevância da afetividade para a construção de ambientes acolhedores, muitos não tiveram contato com o tema durante a formação inicial e apontam a necessidade de espaços de formação contínua para desenvolvimento nessa área. Alegria, empatia, entusiasmo e respeito apareceram como emoções positivas mais citadas, enquanto medo, ansiedade, raiva e frustração foram mencionadas como desafios que, em alguns contextos, prejudicam vínculos e a aprendizagem. Espera-se que a continuidade da análise aprofunde a compreensão das implicações da dimensão afetiva na docência e as contribuições que o curso de formação aplicado trouxe aos participantes.