Entre Ser e Matéria: Gaia como metáfora estruturante do devir nietzschiano
Nietzsche; Terra; Gaia; Metáfora; Devir;
O presente trabalho propõe articular alguns dos principais termos da filosofia nietzschiana, a saber: metáfora, corpo, interpretação, vontade de potência, inconsciente e Terra, e relacioná-los com a figura mitológica de Gaia, tal como é descrita por Hesíodo, e posteriormente analisada por Vernant. A tese a ser defendida é a de que a deusa primordial dos gregos pode ser entendida como uma metáfora estruturante para o devir nietzschiano. Gaia possui características de Ser e de Matéria, é uma força instintiva, com capacidade interpretativa, destruidora e criadora, capaz de digerir o Caos da existência e engendrar a vida. Embora Nietzsche não faça diretamente a associação entre as características da Terra com a mitologia de Gaia, busca-se demonstrar que ela se encaixa na descrição de um corpo cósmico “contínuo, eterno e finito”. Busca-se ainda corroborar a argumentação de Pierre Montebello no sentido de que a Terra seria, para Nietzsche, o único objeto metafísico.