Ceticismo e maniqueísmo no pensamento filosófico de Agostinho: "Contra os acadêmicos e "Sobre o livre-arbítrio"
Agostinho, verdade, sabedoria, ceticismo, maniqueísmo.
Esta pesquisa tem por objetivo analisar a crítica agostiniana ao ceticismo e ao maniqueísmo a fim de compreender a formulação da teoria de Agostinho sobre a verdade e a sabedoria. Para isso, foram examinadas duas obras pertencentes ao mesmo período filosófico agostiniano, a saber: Contra os acadêmicos e Sobre o livre-arbítrio. No primeiro texto, percebe-se que as questões da verdade e da sabedoria foram debatidas diante da refutação cética segundo a qual o conhecimento não poderia ser alcançado, mas apenas aproximado, por meio dos conceitos de probabilismo e verossimilhança. Ao formular sua crítica à doutrina cética, Agostinho refuta os filósofos da Nova Academia ao concluir que a sabedoria pode, de fato, ser alcançada e que a verdade se encontra unida à autoridade de Deus. Essa obra é relevante porque marca a transição do pensamento agostiniano para o cristianismo. O trabalho adquire uma nova perspectiva a partir da análise de Sobre o livre-arbítrio, no qual as concepções de sabedoria e verdade são examinadas no contexto das críticas ao maniqueísmo. Em uma abordagem moral e epistemológica, Agostinho discute a relação entre sabedoria, verdade, vontade e libido, ressaltando que, para alcançar a posse da verdade e da sabedoria, o indivíduo não pode ceder às paixões terrenas que o conduzem ao pecado e o afastam da providência divina. Em síntese, pode-se concluir que Agostinho afirma ser a verdade acessível ao ser humano de modo que o ceticismo não pode ser o caminho para a sabedoria, já que negar a possibilidade de conhecê-la é uma contradição em si mesma. O hiponense também demonstra que a sabedoria e a verdade não são apenas teóricas, mas igualmente práticas, pois exigem orientar a vontade humana para o bem e superar o mal mediante a escolha correta. Assim, unindo as duas obras, pode-se afirmar que a verdade é fundamento da sabedoria, e que esta se realiza plenamente quando a vontade humana se volta para ela, conduzindo o ser racional à instância divina.