Onisciência divina e liberdade humana em Agostinho de Hipona
Mal; Vontade; Agostinho de Hipona.
Todo discurso argumentativo que compõe o Diálogo sobre o livre-arbítrio de Agostinho de Hipona é concebido em função de uma tentativa da resolução de um problema filosófico discutido pela tradição: se Deus existe e é o supremo bem, qual seria a explicação para a existência do mal? Essa discussão estabelece uma dificuldade na medida em que Deus sendo sumamente bom e criador de tudo que existe não pôde ter criado o mal. Para Agostinho resolver esse problema, ele terá que elaborar uma discussão que aborde a revisão da própria natureza humana e, dessa maneira, toda argumentação filosófica tem como objetivo não só mostrar o lugar onde residiria este mal, mas também ter em mente que este “lugar do mal” representa um ponto de partida para uma longa análise a respeito da condição humana. Como não se trata de um problema inaugurado pela filosofia agostiniana, o texto estará sempre condicionado a refutar a argumentação daqueles que, ao pretenderem elaborar uma explicação para este problema, acabaram segundo Agostinho, por desvalorizar a noção de bem.