Sobre o princípio da criação no Livro XI das "Confissões" de Agostinho de Hipona
Criação. Deus. Eternidade. Princípio.
Esta dissertação investiga o problema do significado do princípio da criação a partir de uma análise do livro XI das Confissões de Agostinho. Criação, Criador, criatura, Deus, eternidade, narrativa, Princípio e tempo são as noções centrais para uma análise do livro XI das Confissões. O princípio da criação é o princípio enunciado na passagem do Gênesis I, 1 “In principio fecisti [Deus] caelum et terram (No princípio fizeste [Deus] o céu e a terra)”, que Agostinho tem como base em Conf. XI iii 5 para uma reflexão filosófica, ou seja, para um exercício de razão sobre o artigo de fé. Nesse princípio Deus gera toda criação. O princípio é a origem de todas as criaturas, é do princípio que as criaturas recebem o ser. As criaturas porque se originam (provêm) desse princípio são seres, mas não o Ser, porque não são o que o princípio é. Nesse sentido, as criaturas possuem uma dualidade em seu ser. Estão entre o princípio da criação (sua origem), imutável, eterno e o tempo (sua condição de finitude), mutável, temporal. Mas o que é a criação? Como ela se dá? Foi Deus quem criou o mundo? Como, onde, quando? O que a criação (as criaturas) possibilita compreender sobre o seu Criador? O que é o tempo? No livro XI a investigação do tempo surge em razão da necessidade de Agostinho de responder à pergunta proposta por aqueles que estão cheios de velhice: “Que fazia Deus, antes de criar o céu e a terra?” O tempo, por sua vez, é condição de uma existência finita e temporal das criaturas – é condição de finitude e temporalidade dos seres (especificamente do homem) que no tempo existem. Para fazer uma análise do significado do princípio da criação seguiremos alguns passos argumentativos elaborados pelo próprio Agostinho no livro XI das Confissões. Assim, iniciaremos com uma análise sobre o significado do princípio e em seguida passaremos a uma análise da criação.