Consciência e intencionalidade na filosofia analítica: uma introdução à filosofia analítica de John Searle
Naturalismo Biológico; Problema Mente-Corpo; Intencionalidade; Fisicalismo não-Redutivo; Consciência.
A concepção de naturalismo biológico de John Searle busca promover uma solução para o
problema mente-corpo e definir a natureza da mente, dos estados mentais e da liberdade.
Buscamos apresentar nesta pesquisa as principais abordagens de filosofia da mente:
dualismo de propriedades, monismo anômalo, materialismo e fisicalismo, bem como suas
principais contribuições para a filosofia da mente, com o duplo objetivo de evidenciar os
principais problemas que envolvem os pontos de vista de cada uma dessas abordagens e
estabelecer os elementos que serviram de inspiração para Searle desenvolver o naturalismo
biológico, que também pode ser definido como fisicalismo não-redutivo. O naturalismo
biológico, dessa maneira, defende o ponto de vista de que a mente é um produto, em
macro-nível, de propriedades do cérebro em micro-nível – propriedades neurofisiológicas e
sinapses neuronais. Uma vez causada pelas propriedades do cérebro, a mente não pode ser
reduzida às próprias causas que as originaram porque ela possui características intrínsecas
que não são capazes de serem apreendidas objetivamente, conforme apontam a ontologia
em primeira pessoa, as características qualitativas de perceber o mundo e a
intencionalidade. A consciência é o plano de fundo da mente e é nela que os estados
mentais e os estados intencionais se realizam. Os estados mentais correspondem a
pensamentos, sentimentos, sensações que nós indivíduos possuímos e estes podem ser
conscientes ou não – uma dor de estômago é um estado mental não consciente, assim como
o desejo de tomar café é um estado mental consciente, por exemplo. Os estados
intencionais são componentes dos estados mentais e são eles que conectam os estados
mentais aos estados de coisas que existem no mundo. No jargão do senso comum, os
estados intencionais podem ser caracterizados como a liberdade do indivíduo e eles
representam nossas crenças, expectativas e desejos em relação a estados de coisas que
existem no mundo. Com efeito, os estados intencionais são compostos por um modo
intencional que definirá a forma do estado intencional – se é uma crença, um desejo, uma
volição – e um conteúdo intencional que definirá para qual o estado de coisas no mundo ao
qual o estado intencional se direciona. Os estados intencionais podem ser realizados por
meio de atos da fala, experiências perceptivas e ações deliberativas. Quando os estados
mentais possuem um conteúdo intencional bem definido, possuem também uma direção de
ajuste e condições de satisfação, ao passo que, quando não há um conteúdo intencional
bem definido, os estados mentais se tornam representação de uma representação –
intensionalidade-com-s. Por último, e não menos importante, os estados intencionais
sempre estão acompanhados de um background de outras capacidades não intencionais –
aptidões, habilidades, cultura local e regional – e uma Rede de estados intencionais de
outros agentes – que podem ser indivíduos ou instituições.