Thomas Hobbes e Carl Schmitt: uma análise comparativa
Hobbes; Schmitt; Leviatã; homem; Estado.
Nossa investigação busca a compreensão da influência da obra hobbesiana na filosofia de Carl Schmitt, possíveis adequações, comparações e distinções. O ponto de partida deve ser o objeto de estudo de ambos os autores, ou seja, o Estado, tendo em mente que Hobbes responde à questão sobre a origem do Estado, seguindo um modelo mecanicista da realidade. Para compreender a natureza do Estado em Hobbes, precisamos nos desviar do contumaz erro de uma leitura apressada do filósofo de Malmesbury, ou seja, aquela que tem em sua abertura de cortinas o capítulo treze do Leviatã. Não esquadrinharemos de modo detalhado os doze primeiros capítulos, permitindo-nos, contudo, uma síntese do argumento mecanicista, por vezes, ignorado pelos leitores do filósofo. É de vital importância entender o papel, na filosofia hobbesiana, da abordagem mecanicista da realidade, visto que é por esse mesmo viés que resultam as conclusões em filosofia política. Hobbes é um autor sistêmico e deve ser lido como tal; extirpar ou relegar em segundo plano o mecanicismo do sistema hobbesiano representaria subtrair o esqueleto que sustenta o corpo argumentativo do autor. De certo, o objetivo último do Leviatã é o debate sobre a função do Estado, seus poderes e seus conflitos com os poderes metafísicos e supraterrenos instituídos na Santa Sé. Todavia, para que se conclua neste fim, primeiro, parte-se da unidade mínima do corpo político tão bem referenciado no frontispício do Leviatã, a saber, o homem.