Princípio e matéria informe nos livros XI e XII das "Confissões"
Criação. Matéria. Metafísica. Nada. Princípio. Tempo.
Esta dissertação investiga os conceitos de princípio e matéria, a partir de uma análise da hermenêutica agostiniana do primeiro e do segundo versículo do livro do Gênesis desenvolvida nos livros XI e XII das Confissões de Agostinho. No livro XI, Agostinho investiga o conceito de principium, que se encontra atrelado ao conceito de criação no Gênesis e também investiga o significado das palavras “céu e terra” presentes na passagem: “Audiam et intellegam, quomodo in principio fecisti [Deus] caelum et terram. (Que eu ouça e entenda como no princípio fizeste [Deus] o céu e a terra)” (Conf. XI, iii, 5). Ainda no livro XI, Agostinho investiga a natureza do tempo, questão que surge através da tentativa agostiniana de responder e refutar à questão feita pelos “céticos”: “Quid faciebat Deus, antequam faceret caelum et terram? (Que fazia Deus, antes de criar o céu e a terra?” (Conf. XI, x, 12). Ao longo do livro XI a interpretação agostiniana do primeiro versículo do Gênesis é feita por meio da contraposição e relação entre Criador e criatura, eternidade e tempo. No livro XII, Agostinho investiga o conceito de matéria, especificamente de matéria informe (informis materies) que ele elabora através de uma hermenêutica interpretativa da expressão “(...) haec terra erat invisibilis et incomposita (...)” (esta terra era invisível e desordenada) (Conf. XII, iii, 3). Para pensar sobre a natureza da matéria, Agostinho introduz o conceito de creatio ex-nihilo (criação do nada). Assim, qual seria a origem da matéria que Deus criou o mundo? De Deus ou do nada? O que é a matéria, afinal?