Nos últimos anos, tem havido um interesse crescente na epistemologia e na filosofia da mente em identificar as diferentes formas pelas quais uma pessoa ou um grupo de pessoas pode ser vítima de injustiça, bem como os efeitos psicológicos que esses vários tipos de injustiça podem ter sobre esses indivíduos enquanto agentes epistêmicos, afetivos, mnemônicos, etc. Seguindo esta tendência, o objetivo deste workshop será investigar dois tipos distintos de injustiça, bem como as suas possíveis ligações conceituais e empíricas: a injustiça afetiva e a injustiça mnemônica.
A primeira delas procura capturar tipos de injustiças cometidas contra indivíduos especificamente nas suas capacidades como agentes afetivos. Por exemplo, ao provocar sistematicamente experiências angustiantes como medo, tristeza ou desespero, manipular as emoções de outrem de uma forma que pode se mostrar prejudicial ao seu bem-estar, ou negar a outrem oportunidades de expressar e regular suas respostas emocionais de forma adequada.
Já o segundo procura capturar injustiças que ocorrem através da operação de nosso sistema de memória. Por exemplo, a forma como estereótipos moldam aquilo que lembramos, fazendo com que questões sobre equidade e justiça social tenham de ser consideradas em debates sobre diferentes tipos de capacidades mnemônicas. Estes dois tipos de injustiças têm interligações óbvias, como pode ser visto, por exemplo, em experiências traumáticas causadas por outrem, um tipo de injustiça que tem um componente afetivo e um componente mnemônico.
Esperamos assim que as palestras deste workshop, assim como as discussões que se seguirão delas, tragam à tona essas (e outras) conexões filosóficas. Como resultado, esperamos mostrar que a filosofia da memória e a filosofia da emoção são áreas de estudo profundamente políticas, algo que é frequentemente esquecido nestas disciplinas. Longe de ser um tema marginal, a política da memória e da afetividade está no centro de questões sobre como funcionam a memória e nossos sistemas afetivos, seus propósitos e seus papeis na esfera social de forma mais ampla.
Programa:
30 de Janeiro
10:30 AM (Horário de Brasília): Marina Trakas (Conicet, Buenos Aires): "Mnemonic Humility: An Antidote to Mnemonic Injustice?"
11:30 AM (Horário de Brasília): Francisco Gallegos (Wake Forest, EUA): "Authenticity, Zozobra and Affective Injustice"
31 de Janeiro
10:30 AM (Horário de Brasília): Joel Krueger (Exeter, Reino Unido): "An Ecological Approach to Affective Injustice"
11:30 AM (Horário de Brasília): Katherine Puddifoot (Durham, Reino Unido): "Mnemonic Injustice and the Social Stance on Memory"
Os resumos podem ser acessados através do seguinte link: https://drive.google.
A inscrição é obrigatória, e pode ser realizada através do seguinte link: https://forms.gle/
PhilEvents: https://