DIFERENTES EFEITOS DA COMPETIÇÃO NO VOLUME DE MADEIRA E ESTOQUE DE CARBONO DE ESPÉCIES DE INTERESSE EM ÁREA DE RESTAURAÇÃO FLORESTAL NA AMAZÔNIA
Desmatamento. Interações ecológicas. Produção sustentável de madeira.
Áreas degradadas representam redução de biodiversidade e perda da capacidade de produzir alimentos, serviços, prosperidade econômica. A necessidade de reabilitar e restaurar recursos ecológicos degradados pelo uso inadequado é urgente. Ajustes e melhorias metodológicas podem orientar a restauração de forma mais eficaz. Uma das abordagens possíveis é baseada na compreensão de como as interações bióticas afetam a produção dos plantios de restauração. Nessa perspectiva, a competição entre árvores é uma interação relevante a ser estudada, pois se trata de um dos principais impulsionadores da estrutura e dinâmica de florestas tropicais. Essa abordagem pode mostrar novas formas de compreensão e manejo de áreas restauradas. Assim, o presente trabalho buscou entender o efeito da competição na explicação de duas variáveis: volume de madeira e estoque de carbono de espécies madeireiras de valor comercial. O efeito da competição foi testado através de cinco índices: três baseados em diâmetro e distância das árvores competidoras às árvores focais; um representado pelo número de árvores competidoras e um representado pela porcentagem de competidores plantados em vez de regenerados. O estudo foi conduzido em uma área de 23 anos de restauração florestal ativa no arco do desmatamento da Amazônia brasileira. Nossos resultados mostram que a competição tem efeitos importantes sobre o volume e o estoque de carbono. Especificamente, encontramos que a competição pode aumentar o volume de madeira e o estoque de carbono dessas espécies se houver um equilíbrio entre tamanho e distância dos competidores em relação às árvores focais. Maior produção também foi verificada quando a maioria dos competidores foram árvores plantadas (em vez de regeneradas). Por outro lado, as árvores focais tenderam a ter menor volume e estoque de carbono se os competidores forem maiores do que elas. Embora os efeitos da competição e sua magnitude tenham variado entre as espécies estudadas e entre as duas variáveis de interesse, surgiram tendências gerais claras. De forma geral, este estudo evidenciou que a dominância de tamanho pode determinar uma competição assimétrica. Intervenções silviculturais são necessárias para reduzir a competição sobre as árvores menores e promover a produção em áreas restauradas. Além do manejo da densidade de indivíduos numa área, deve-se pensar a competição considerando o diâmetro e distância dos competidores em relação às árvores focais como variáveis adicionais ao processo decisório do manejo.