CRESCIMENTO DE TRÊS ESPÉCIES ARBÓREAS FRUTÍFERAS SOB COMPETIÇÃO EM ÁREA DE RESTAURAÇÃO FLORESTAL
curvas de crescimento; seleção de espécies; frutificação.
A restauração dos ecossistemas enfrenta desafios devido à falta de incentivos para os proprietários rurais no contexto da recomposição da Reserva Legal e das Áreas de Preservação Permanente (APP), principalmente devido aos altos custos de implantação sem retornos econômicos evidentes. Associado a essa falta de incentivo, há uma lacuna de conhecimento na silvicultura de espécies nativas a ser preenchida, diante da extensa biodiversidade existente. Logo o presente trabalho visa estudar a viabilidade técnica e produtiva de três espécies frutíferas para utilização em projetos de restauração florestal em APP, por meio do estudo do desenvolvimento dessas espécies em um plantio modelo. Sabe-se que para ocorrer a frutificação, a planta necessita de condições ideais, como exposição à luz solar, pouca competição por recursos e manejo adequado. Tais condições garantem que a árvore terá um crescimento vegetativo considerado normal e um consequente acúmulo de reservas, que serão direcionados para a frutificação. Sem acúmulo de reserva a planta não entra no processo de frutificação ou não produz suficientemente. O experimento está instalado no município de Ijaci-MG, desde 2018, consistindo de uma recomposição de reserva legal do Sítio Pirilampo. A área total do plantio é de 3,19 ha, com espaçamento de 4,5 m² (3 x 1,5 m), contendo 42 espécies distintas, sejam de uso madeireiro ou não madeireiro, pioneiras e não pioneiras. O solo da área tem bom histórico de conservação e adubação verde, com nabo forrageiro e antigo cultivo de café. Ao longo do tempo, foram realizadas quatro avaliações em área total, medindo todos os indivíduos, com a utilização de sutas para o DAP, réguas graduadas e réguas telescópicas para altura. Após a extração dos dados do plantio, estes foram processados com auxílio do software Excel, a fim de gerar uma estatística descritiva e confeccionar curvas de crescimento. Através das estatísticas descritivas e das curvas de crescimento será possível influir sobre alguns aspectos silviculturais, como a adequação das espécies alvo com fins produtivos em projetos padrão de restauração, os quais têm como objetivos o recobrimento do solo, restabelecimento da resiliência da floresta e dos processos de sucessão ecológica. Como parte dos resultados esperados, tem-se que os projetos atuais de restauração não levam em conta o caráter produtivo, dessa forma as espécies pouco frutificarão e investirão em maior crescimento vegetativo, como altura, para superar a competição com as espécies vizinhas. A partir disso, é possível recomendar um pacote metodológico adequado, que aumente a janela de possibilidade de frutificação e concilie os objetivos de preservação e produção. Tal pacote contém recomendações de espaçamento, seleção e combinação de espécies, podas e desbastes, enfim, todas a práticas silviculturais adequadas.