Mais da metade dos ecossistemas aquáticos estão sobre alto nível de ameaça em decorrência de atividades antrópicas. A bacia do rio Doce apresenta um histórico intenso de exploração e alteração de seus ambientes, relacionados às mais diversas atividades antrópicas. No ano de 2015, houve o rompimento da barragem do Fundão em Mariana, MG, que contaminou o leito do rio Doce com 66 milhões de m3 de rejeito de mineração, se somando aos outros diversos impactos que incidem sobre esta bacia. O principal objetivo desta tese é avaliar os efeitos da presença de poluentes e do rompimento da barragem em Mariana sobre a estrutura trófica da ictiofauna da bacia do rio Doce, através do uso dos isótopos estáveis de carbono e nitrogênio. No primeiro capítulo focamos em avaliar a estrutura trófica do rio Santo Antônio, um afluente em boa condição ambiental na bacia do Rio Doce. Avaliamos a estabilidade isotópica da comunidade de peixes neste rio, a fim de ter uma base para comparação com os outros pontos que foram impactados pelos rejeitos de mineração. A estrutura trófica se manteve estável isotopicamente ao longo dos anos de coleta. No segundo capítulo, avaliamos a variação temporal na riqueza de espécies e diversidade trófica em pontos impactados e não impactados pelos rejeitos de mineração. As regiões não impactadas apresentaram maior riqueza de espécies e maior estabilidade nas métricas tróficas. A região mais próxima do impacto apresentou grande instabilidade nas métricas tróficas, e regiões impactadas mais distantes tenderam a se aproximar mais das métricas tróficas encontradas nas regiões controle.