DO EDUCADOR GOVERNANTE À RACIONALIDADE NEOLIBERAL DA PROFISSÃO DOCENTE
Educação. Formação. Tecnicismo. Autoridade. Prática Docente.
A educação tem papel decisivo e transformador no processo de formação humana, e nesse contexto, o professor possui um lugar de extrema relevância na perspectiva de contribuir para a preparação dos sujeitos que participarão da vida em sociedade. Portanto, a investigação crítica da prática docente constitui um ponto central das pesquisas em educação. Tendo isso em vista, o presente trabalho, que será constituído por três artigos que dialogam entre si, apresenta, como cerne, a prática docente, tendo um olhar mais específico para o papel do educador no contexto da sociedade neoliberal. O objetivo deste trabalho é o de promover reflexões sobre o lugar do educador frente a situação atual da educação, e como, ao pensar em um educador nos moldes propostos de um educador governante, é possível considerar um avanço na formação escolar e social do educando. Nosso percurso terá início na reflexão do conceito de educador governante presente em um estado de natureza hipotético, apontado pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau, sobretudo, em sua obra Emílio ou Da Educação (2004). Nesse momento objetivamos caracterizar a pedagogia natural proposta pelo autor, na medida em que buscamos compreender o papel do docente nesse processo e como se configura a relação entre educador, educando e saber, na formação do indivíduo e da sociedade. Realizado esse primeiro estágio de análise, nos transportamos para nossa atual conjuntura, de modo a delinear e elucidar como uma formação educacional que se caracteriza enquanto tecnicista, construída pelo e para o mercado de trabalho, com base em uma lógica político-econômica chamada neoliberal, impacta tanto a educação quanto o próprio educador. Para tal, nos apoiaremos na obra A Nova Razão do Mundo - Ensaio Sobre a Sociedade Neoliberal (2016), de Pierre Dardot e Christian Laval a fim de caracterizar o neossujeito que surge a partir dessa corrente. Traçado esse percurso, nosso objetivo é o de considerar quais os caminhos essa sociedade está percorrendo e como a educação e, principalmente, o educador, se configuram frente a uma nova lógica de vida. Ainda seguindo a proposta de pensarmos o docente na contemporaneidade e como considerarmos possíveis atualizações da pedagogia natural do filósofo genebrino para esse contexto, nosso terceiro artigo busca investigar a autoridade pedagógica em meio ao contexto neoliberal, retomando os conceitos de emancipação, liberdade e humanismo defendidos por Rousseau. Para consolidação deste último passo iremos recorrer também à Hannah Arendt e a concepção de autoridade tratada por ela em sua obra Entre o passado e o Futuro (2001), de modo a considerarmos a relevância de tal conceito para a prática docente em vista de uma formação humana integral, enquanto instrumento de equilíbrio entre tecnicismo na cultura audiovisual e humanismo.