LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE FORMIGAS E SEU POTENCIAL NO CONTROLE DA BROCA DO CAFEEIRO EM DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVO DO CAFÉ.
Agroecossitemas cafeeiros, Coffea arabica, Hypothenemus hampei, Formicidae
A broca-do-café, Hypothenemus hampei é nativa da África Central, onde seu principal hospedeiro é o café "robusta" (Coffea canephora). Do ponto de vista econômico, a broca, é considerada uma das pragas mais importantes do cultivo do café, devido ao dano direto causado ao fruto, à alta densidade populacional, às dificuldades para se alcançar um controle eficiente e às limitações à comercialização dos grãos afetados. Atualmente, a broca continúa causando perdas econômicas significativas no mundo. Só no Brasil, esse inseto provoca perdas estimadas em US $ 215-358 milhões por ano. Nos agroecossistemas cafeeiros, as formigas respondem a diferentes práticas, envolvendo a diversificação vegetal de cada hábitat e intensidade de manejo. A presença de formigas como predadoras e inimigos naturais que atuam no controle biológico em esses sistemas, tem sido uma experiência bem-sucedida em relação ao besouro H. hampei. Por esses motivos, o objetivo geral deste trabalho foi avaliar as populações de formigas visando à regulação de populações de H. hampei em diferentes sistemas de cultivo de café no Brasil. O estudo foi realizado em 12 propriedades; sendo quatro áreas de café convencional a pleno sol, quatro orgânico a pleno sol e quatro orgânico sombreado, pertencentes a produtores associados à cooperativa de produtores familiares de Poço Fundo e região (COOPFAM). As amostragems foram realizadas no período de colheita do café (maio de 2019) e início da entresafra (setembro de 2019), por meio de armadilhas de queda (Pitfall traps), iscas atrativas e coleta de frutos da planta e o chão. As formigas coletadas foram identificadas ao menor nível taxonômico possível. No total, foram coletadas 65 espécies de formigas pertencentes a 32 gêneros e sete subfamílias, com 46 espécies registradas em pitfall traps e 30 em iscas atrativas. Para os frutos coletatos na planta e chão foram identificadas 22 espécies distribuídas em 11 gêneros e quatro subfamilias. A subfamília com maior número de táxons foi Myrmicinae, seguida de Formicinae e Ponerinae. Os resultados mostraram que os diferentes sistemas de cultivo de café, orgânico e convencional sejam sombreado ou a pleno sol, não apresentaram diferença em quanto a riqueza de espécies de formigas, mas se na composição das espécies, parâmetro para ser considerado na comparação entre sistemas de cultivos estudados. Nos três tratamentos, o porcentual de infestação da broca atingiu o nível de dano econômico, as maiores taxas de infestação foram encontradas no tratamento convencional a pleno sol (CSL), com uma média de 8.9 % nos frutos da planta e 11. 1% nos frutos do chão; seguido do tratamento orgânico sombreado (OSM) com 8.4 % na planta e 7.9 % no chão; por último o que apresentou menor índice de infestação foi o tratamento orgânico a pleno sol (OSL), com 5.8 % na planta e 6.3 % no chão; quando comparado com o comportamento das formigas mostram uma estrita relação entre o tratamento com menor índice de infestação pela broca e aqueles com maior riqueza e abundancia de formigas. A obtenção dessas informações fornecem bases para recomendações de controle biológico na cafeicultura no Sul de Minas Gerais.