A HERBIVORIA POR INSETOS SUGADORES INFLUENCIA A COLONIZAÇÃO POR HETEROESPECÍFICOS E COESPECÍFICOS?
Herbivoria. Milho. Cigarrinha-do-milho. Pulgão-do-milho
As plantas estão sujeitas ao ataque de herbívoros durante todo seu ciclo. Como consequência dessa pressão, as plantas desenvolveram diversos mecanismos de defesa para lidar com o ataque desses organismos. Um dos mecanismos dessa manipulação é pela indução da via do ácido salicílico (AS) que interage antagonicamente com o ácido jasmônico (AJ), um importante sinalizador das defesas induzidas contra herbívoros. Como consequência, plantas infestadas por inseto sugadores podem se tornar mais suscetíveis a outros herbívoros. A planta de milho (Zea mays L.) é considerada um dos cereais mais consumidos e cultivados no mundo, sendo grande parte de sua produção destinada à alimentação animal. Muitos herbívoros sugadores se alimentam da planta de milho, como o pulgão do milho, Rhopalosiphum maidis (Fitch) (Hemiptera: Aphididae) e a cigarrinha do milho Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott) (Hemiptera: Cicadellidae). Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo investigar se a herbivoria pelo pulgão ou cigarrinha aumenta a atratividade da planta a indivíduos heteroespecíficos e coespecíficos. Para avaliar a preferência dos insetos, foram conduzidos ensaios, utilizando plantas de milho sob os seguintes tratamentos i) plantas infestadas com D. maidis (PID); ii) plantas infestadas com R. maidis (PIR); iii) plantas não infestadas (PNI). Foi observado em casa de vegetação a preferência hospedeira, em teste de dupla escolha por meio da contagem de pulgões presentes nas folhas de milho de cada tratamento, após 30, 60, 90, 120, 150, 180 e 210 minutos, já para a cigarrinha foi observado sua escolha após 24h e 48h da liberação dos insetos. Também foi avaliado o desempenho dos insetos frente a plantas induzidas por coespecíficos, heteroespecíficos e não infestadas, para R. Maidis, foi feito a contagem de indivíduos após 14 dias de infestação nos tratamentos. Para D. Maidis, foram feitas observações diárias, apresentando parâmetros biológicos como número e duração de instares e porcentagem de sobrevivência até a fase adulta. Por fim, foi avaliado a preferência de oviposição da cigarrinha do milho em testes de dupla escolha, realizado em laboratório, frente a estes tratamentos. Nos testes de preferência hospedeira por R. maidis (P<0,001) e D. maidis (P<0,001) foram encontrados maior preferência hospedeira por plantas induzidas, comparado a plantas não induzidas ao longo do tempo. Para o teste de preferência de oviposição da cigarrinha do milho, fêmeas de D. maidis depositaram maior número de posturas em plantas previamente infestadas por insetos coespecíficos ou heteroespecíficos, comparado a plantas não infestadas, porém quando comparado plantas infestadas, houve maior preferência por plantas previamente infestadas por insetos coespecíficos. Já para o teste de desempenho de D. maidis foi observado um desempenho mais rápido ovo à adulto em plantas previamente infestadas comparados a plantas não infestadas, quando comparado plantas infestadas com coespecíficos e heteroespecíficos, houve maior preferencia para plantas infestadas com coespecíficos. Para o desempenho de R. maidis, apresentou um melhor desempenho em plantas infestadas por coespecíficos. Dessa forma, os resultados indicam que possivelmente há uma influência na coloniação dos insetos por heteroespecíficos e coespecíficos na escolha desses insetos.