RELAÇÕES DAS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE FORMIGAS EM PROCESSOS ECOLÓGICOS DE PREDAÇÃO E DE REMOÇÃO DE SEMENTES E VARIÁVEIS AMBIENTAS EM FRAGMENTOS FLORESTAIS
características morfológicas, variáveis ambientais, microclima, larvas, sementes, remoção, processos ecossistêmicos
A relação entre os atributos funcionais dos organismos e o funcionamento do ecossistema é uma das abordagens para determinar a resiliência dos ecossistemas frente as mudanças ambientais. As formigas podem ser utilizadas em estudos dessa relação, pois participam de interações importantes em praticamente todos os ecossistemas terrestres do planeta. Investigamos a relação entre morfologia corporal das formigas e tamanho do recurso utilizado via dois tipos de processos ecossistêmicos: predação de larvas e remoção de sementes. Também investigamos a relação de associação entre características morfológicas e variáveis ambientais. Para isso, usamos uma ampla caracterização morfológica de formigas coletadas em cinco áreas de fragmentos de Floresta Atlântica e fitofisionomias do Cerrado. Nesses ambientes coletamos as variáveis abertura de dossel, peso seco de serrapilheira e circunferência a altura da base das árvores. Para caracterizar predação e remoção de sementes, foram disponibilizadas larvas de Tenebrio molitor Linnaeus 1758 e sementes artificiais sob três classes de tamanho (pequeno, médio e grande), respectivamente. A fauna de formigas que interage com esses recursos foi também caracterizada. Diferentemente, para o processo de remoção de sementes, a relação entre características morfológicas e tamanho do recurso só foi detectada quando a identidade da espécie foi considerada. O tamanho corporal (o comprimento de Weber) e as medidas mandibulares se relacionaram com o tamanho das sementes pequenas e médias em Pachycondyla striata e Camponotus rufipes, enquanto o tamanho do escapo em Pheidole bucculenta. Cada espécie teve uma associação diferente para cada variável ambiental do microclima. A relação entre o tamanho do recurso e morfologia das formigas pode não ser um fator determinante para o desempenho e/ou comportamento no processo, caso seja desconsiderada a identidade das espécies. Nossos resultados apontam para a utilização de características morfológicas das espécies como um parâmetro para o estudo da relação organismo-ambiente.