CONTROLE BIOLÓGICO DO BICHO-MINEIRO (Leucoptera coffeella): POTENCIAL DO USO APLICADO DE CRISOPÍDEOS
imobilização; anestesia; etologia; crisopídeos; bicho-mineiro
O presente trabalho teve por objetivo estudar aspectos que podem contribuir para o uso de crisopídeos no controle biológico do Leucoptera coffeella (Guérin-Mèneville & Perrottet, 1842) (Lepidoptera: Lyonetiidae), um dos principais desafios para a cafeicultura brasileira. Já há registros sobre a habilidade de Chrysoperla externa (Hagen, 1861) e Ceraeochrysa cubana (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae) predarem os estágios imaturos de L. coffeella, e tal fato implica na necessidade de mais investigações a respeito da sua biologia, interação com o inseto-praga, comportamento e dispersão em campo. Atualmente, C. externa já é comercializada no Brasil, contudo, faltam embasamentos científicos para justificar o seu uso como agente de controle dessa praga da cafeicultura. Dessa forma, buscou-se atuar em duas linhas de interesse, cujos resultados poderão ser explorados de forma prática em pesquisas futuras. A primeira linha se relaciona com a dispersão de C. externa em campo, enquanto a segunda avalia o comportamento de ambas espécies de crisopídeos frente a pupas do bicho-mineiro. A dispersão é uma característica que impacta diretamente a habilidade dos indivíduos em colonizarem uma área, e para a compressão desse fator utilizam-se programas de marcação-liberação-recaptura. Contudo, marcar um inseto de tamanho reduzido, como crisopídeos, pode ser desafiador. Para isso, a imobilização é uma alternativa para proceder a marcação de forma a garantir a qualidade da marca, bem como a integridade morfofisiológica e a sensibilidade dos espécimes submetidos ao processo. Dessa forma, a anestesia através da exposição ao frio é um meio viável de paralisar exemplares para manipulação. Sendo assim, foi criada uma metodologia que poderá ser facilmente replicada, com a finalidade de realizar a marcação dos insetos e auxiliar em estudos sobre a dispersão. Nossos resultados apontaram a viabilidade da exposição por quatro minutos a -19ºC, condição que proporciona 103 a 208 segundos para a manipulação e marcação, sem a perda de insetos. Essas são informações primárias para o uso da anestesia pelo frio para indivíduos da família Chrysopidae. Tendo em vista que o comportamento de um inimigo natural pode ser limitante para sua seleção como agente de controle biológico, a segunda linha de pesquisa deste trabalho se relaciona ao comportamento de C. externa e C. cubana frente a pupas do bicho-mineiro. Disponibilizou-se uma pupa de L. coffeella para larvas do primeiro, segundo e terceiro instar de ambos predadores, e monitorou-se o comportamento das larvas por 25 minutos. Avaliou-se a predação e os tempos de forrageamento, pausa e manipulação da presa. Adicionalmente, investigou-se a resposta funcional da larva de segundo instar de C. cubana frente às densidades de 1, 2, 4, 8, 16 e 32 pupas do bicho-mineiro. Concluiu-se que as espécies de crisopídeos possuem características comportamentais diferentes, e ambas são capazes de se alimentar das pupas de L. coffeella. Ademais, as larvas de segundo instar de C. cubana apresentam resposta funcional do Tipo II. Esses resultados apontam para o potencial que esses crisopídeos têm para reduzirem populações de L. coffeella em campo.