INFLUÊNCIA DO FRUTO HOSPEDEIRO NO CONTROLE DE Ceratitis capitata (DIPTERA: TEPHRITIDAE) POR NEMATOIDES ENTOMOPATOGÊNICOS
Fator nutricional. Susceptibilidade. Controle biológico.
Ceratitis capitata (Diptera: Tephritidae) é uma praga chave na fruticultura mundial, sendo um inseto polífogo, causando danos em diversos pomares de interesse econômico. Atualmente é comum o uso de produtos químicos para o controle populacional das moscas-das-frutas, porém os efeitos colaterais é danoso ao meio ambiente e à saúde humana, além de selecionar populações resistentes. O controle biológico por nematóides entomopatogênicos (NEP), é uma importante tática de Manejo Integrado de Pragas (MIP) para C. capitata. Estudos demonstram que o fator nutricional influencia a taxa de desenvolvimento das moscas-das-frutas, podendo interferir na susceptiblidade e na progênie dos NEP. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de NEP dos gêneros Heterorhabditis e Steinernema sobre larvas de C. capitata alimentadas por diferentes dietas à base de frutos. Os bioensaios foram conduzidos no Laboratório de Patologia e Controle Microbiano de Insetos da Universidade Federal de Lavras – UFLA, em condições controladas (25 ± 2°C, UR 70 ± 10%, 12h de fotofase). Foram fornecidas para larvas diferentes dietas, aplicando-se 1 mL de suspensão contendo 100 juvenis infectantes (JI)/inseto de isolados nativos e exóticos de NEP, avaliando se a dieta formou barreira física e se favoreceu a resistência aos NEP. Posteriormente foi feito bioensaio para identificar a dosagem ótima, susceptibilidade das larvas de C. capitata aos NEP, de acordo com a fonte de alimentação, sendo dietas à base de goiaba, maçã, laranja, manga e dieta artificial, analisando-se a progênie e a eficácia dos JI provindos de larvas alimentadas com as diferentes dietas em Galleria mellonella. Verificou-se que as larvas de C. capitata foram suscetíveis a todos os isolados de NEP, independente da dieta, havendo variação na taxa de mortalidade entre 23,2% e 96,6%, sendo que Steinernema brazilense proporcionou melhores resultados, enquanto que nas larvas sem dieta, a mortalidade variou de 53,3% a 90,1%, com destaque para S. feltiae. Os JI de todos os isolados foram recuperados, tanto na presença como na ausência de dieta, e a taxa de mortalidade comparada ao fornecimento da dieta demonstrou ser menor que a sem dieta. Houve mortalidade nas larvas de C. capitata em todos os isolados, com variação de 30,9% a 78,2% na presença de dieta, enquanto que no controle variou de 79,7% a 91%. A mortalidade das larvas foi proporcional ao aumento da concentração dos JI, com DL50 16,41 e 11,94, e DL90 de 108,01 e 147,9 para S. feltiae e S. brazilense respectivamente. A susceptibilidade das larvas alimentadas com diferentes dietas demonstrou diferença na virulência dos NEP, sendo que para S. feltiae, os tratamentos com a dieta à base de goiaba e manga foram inferiores, ocorrendo variação de 77,6% a 96% na mortalidade. Para S. brazilense foram melhores os parâmetros em dieta artificial e à base de laranja, tendo variação entre 51,5% e 90%. Com isso, conclui-se que há uma variação na susceptibilidade das larvas de C. capitata ao NEP de acordo com a fonte de alimentação, sendo necessário realizar estudos para verificar os fatores nutricionais que interferem na ação do entomopatógeno.