MOSCAS-DAS-FRUTAS E PARASITOIDES EM POMARES COMERCIAS DE ACEROLA NO SEMIÁRIDO DO BRASIL: BIODIVERSIDADE E EXPLORAÇÃO DO FRUTO HOSPEDEIRO
Acerola. Anastrepha obliqua. Ceratitis capitata. Doryctobracon areolatus. Relações tritróficas.
A aceroleira (Malpighiae marginata D.C.) é uma das frutíferas com maior área cultivada no vale baixo do rio Parnaíba no Brasil. As moscas frugívoras (Diptera: Tephritidae) estão entre os principais obstáculos para produção de acerola, em contraste, o conhecimento e manejo de moscas-das-frutas na região é incipiente. O conhecimento sobre a biodiversidade de moscas-das-frutas e quais os parasitoides estão associados a essas espécies são o primeiro passo para subsidiar estratégias de controle. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi realizar o levantamento da biodiversidade, dinâmica populacional e interações tróficas de moscas-das-frutas e parasitoides em pomares de acerola no baixo vale do rio Parnaíba no semiárido do Brasil. Durante o período de um ano, semanalmente, foram realizadas coletas de frutos de acerola e coletas através de armadilhas do tipo McPhail em dois pomares de acerola orgânica. Dos frutos (16.000) foram obtidas 18.675 pupas dos quais emergiram espécimes de moscas-das-frutas, Anastrepha obliqua (1.815) e Ceratitis capitata (205), e parasitoides (Doryctobracon areolatus (2.498), Opius bellus (86) e Utetes anastrephae (20). Foram coletados 11.326 espécimes de moscas-das-frutas em armadilhas distribuídas em quatro espécies, A. obliqua (8.249), Anastrepha spp. (macho) (2.935), C. capitata (138) e Anastrepha alveata (4). Anastrepha obliqua foi a espécie de moscas-das-frutas predominante em frutos e armadilhas, enquanto D. areolatus foi a espécies de parasitoide mais abundante. Os frutos de acerola destacam-se como repositórios para a multiplicação de moscas-das-frutas e parasitoides. A dinâmica populacional de moscas-das-frutas nos pomares de acerola variou ao longo do ano, sendo influenciada por fatores climáticos (temperatura do ar e umidade relativa do ar) e a disponibilidade hospedeira, provavelmente, foi o fator que possuiu maior influência na abundância e flutuação populacional de A. obliqua e C. capitata nos pomares de acerola. Por fim, novas registros foram descritos para o estado do Piauí, aqui foi evidenciado o primeiro registro de A. obliqua, A. alveata, O. bellus e U. anastrephae no platô litorâneo do baixo vale do rio Parnaíba no Piauí, esses resultados ampliam a documentação sobre a distribuição natural e interações tritróficas dessas espécies na região.