EFEITOS LETAIS E SUBLETAIS DE ÓLEOS ESSENCIAIS SOBRE TRATOS BIOLÓGICOS DE MYZUS PERSICAE
Pragas agrícolas. Inseticidas botânicos. Efeitos subletais de inseticidas. Manejo seletivo de toxicidade. Toxicologia in silico.
O pulgão-verde-do-pessegueiro Myzus persicae Sulzer (1776) (Hemiptera: Aphididae) é uma praga agrícola de importância econômica mundial, que ao se alimentar da seiva de plantas prejudica colheitas e atua como vetor de doenças vegetais. Usualmente, recorre-se ao emprego dos tradicionais químicos sintéticos para o controle dessa praga. No entanto, estudos sugerem que o uso inconsequente desses agentes pode gerar problemas para o ambiente e para a saúde humana, além de favorecer o surgimento de populações resistentes à inseticidas. Assim, a busca por soluções mais sustentáveis é fundamental para garantir a segurança alimentar e a preservação dos ecossistemas agrícolas. Diversos biopesticidas à base de plantas estão sendo propostos como alternativas promissoras para o controle dessas pragas, visto que algumas plantas naturalmente produzem substâncias de ação direta contra insetos, como os óleos essenciais. Devido à grande diversidade de plantas disponíveis no mercado junto às diferenças encontradas entre os constituintes de um mesmo óleo essencial, é provável que nem todo óleo essencial seja interessante para o manejo de pragas, considerando sua viabilidade comercial e compatibilidade com outros produtos já bem estabelecidos nesse setor. Muitos estudos já realizados sobre o potencial inseticida de óleos essenciais concentram-se nos experimentos em condições laboratoriais, o que não é suficiente, uma vez que as condições bióticas e abióticas enfrentadas pelos insetos no campo são variáveis. Além disso, considerando que algumas substâncias constituíntes desses óleos podem provocar outras respostas além da mortalidade, como alterações comportamento e reprodução dos insetos, é necessário investigar também seus efeitos subletais, bem como elucidar os possíveis mecanismos de ação de cada molécula envolvida nesses processos. O avanço tecnológico computacional das últimas décadas permitiu a implementação de algoritmos capazes de simular interações moleculares em graus satisfatórios de confiabilidade, que por sua vez contribuem para o entendimento dos mecanismos fisiológicos envolvidos na ação dos inseticidas. Além disso, o desenvolvimento de softwares de monitoramento animal por vídeo permite uma análise precisa do comportamento de animais expostos à diferentes tipos de tratamento, automaticamente detectando possíveis alterações dos padrões normais para cada espécie. Considerando as informações apresentadas, este estudo tem como principal foco a investigação do potencial inseticida dos óleos essenciais de quatro plantas, comparativamente ao inseticida comercial Imidacloprid, contra o pulgão M. persicae. As plantas em análise são citronela (Cymbopogon winterianus), eucalipto (Eucalyptus globulus), laranja-doce (Citrus aurantium) e palo santo (Bursera graveolens). Além disso, o estudo abrange a caracterização química dos óleos, bem como a avaliação dos seus efeitos subletais, empregando abordagens toxicológicas tanto in silico quanto in vivo, sob condições laboratoriais e semi-campo em casas de vegetação fechadas.