Efeito do manejo do eucalipto sob diferentes ciclos de rotação sobre as comunidades de Carabidae (Coleoptera)
Silvicultura; Macrofauna de solo; Bioindicadores
A silvicultura no Brasil, que envolve o cultivo de florestas para extração de matéria-prima vegetal, atingiu uma produção de R$ 37,9 bilhões em 2023, segundo o IBGE. O estado de Minas Gerais é o maior produtor na área de silvicultura, com R$ 8,3 bilhões no último ano. No país, a área destinada à silvicultura abrange 9,7 milhões de hectares, sendo 78,1% dessas plantações de eucalipto, usadas para extração de resinas, óleos essenciais, essências e celulose, além dos subprodutos da árvore. O cultivo de eucalipto apresenta uma concepção sustentável, mas existem questões ainda pouco exploradas quanto aos impactos sobre a diversidade da fauna edáfica. A ordem Coleoptera exerce um papel fundamental para a manutenção de ecossistemas, devido à sua grande diversidade de espécies e hábitos alimentares, tornando-os bioindicadores de qualidade ambiental. A ocorrência e distribuição dos besouros da família Carabidae está associada a fatores ambientais como microclima, composição do solo e cobertura vegetal, contudo os estudos dessa família no Brasil são pouco frequentes. Diante da importância de conhecer a fauna de Carabidae e os impactos do cultivo do eucalipto na biodiversidade associada ao solo, este projeto foi elaborado com o objetivo de avaliar as comunidades de carabídeos em sistemas de eucalipto com diferentes rotações de manejo e uso do solo. O projeto será realizado áreas da empresa CENIBRA Celulose S.A., situadas nos municípios de Belo Oriente e Guanhães, no norte de Minas Gerais. A coleta piloto, importante para avaliar o delineamento amostral do projeto, aconteceu em outubro de 2024, em Belo Oriente. Os dados serão coletados em 12 áreas, sendo 8 talhões de eucalipto, considerando 2 tratamentos, onde 4 talhões com 2 rotações de 7 anos de plantio e 4 talhões com 5 rotações de plantio de eucalipto. Para efeito de controle, serão amostradas 4 áreas de fragmento de Floresta Estacional Semidecidual. Para isso, serão delimitados 3 transectos lineares de 80 metros, localizados a 50 metros da borda de cada área, contendo 4 pontos amostrais nos 3 transectos, distantes a 20 metros entre si, totalizando 114 pontos. Em cada ponto serão instaladas uma armadilha do tipo pitfall com líquido conservante. Variáveis ambientais, como altitude, umidade relativa, temperatura, cobertura do dossel, estrutura de habitat e peso da serrapilheira serão utilizados para explicar a composição e estrutura das comunidades de Carabidae. A riqueza de espécies observada em cada tratamento e a riqueza estimada serão calculados pelo método MaoTau e Chao1 respectivamente. O efeito do tempo de uso do solo e variáveis ambientais sobre a composição e estrutura das comunidades de Carabidae serão analisados pela análise multivariada baseada na distância para um modelo linear (DISTLM). Com os resultados deste estudo pretende-se melhorar o conhecimento sobre os efeitos do manejo do eucalipto sobre a macrofauna edáfica.