APLICAÇÃO DO PRIMING PARA INDUÇÃO DE TOLERÂNCIA AO ESTRESSE LUMINOSO EM PLÂNTULAS DE ESPÉCIES NATIVAS DA MATA ATLÂNTICA
Sementes. Germinação. Tratamento de pré-semeadura. Metionina. Osmopriming.
O priming é uma técnica de pré-semeadura que pode induzir maior porcentagem e velocidade na germinação de sementes, além de ser capaz de potencializar atividade do sistema antioxidante de plantas sob estresse abiótico. Então, o objetivo deste trabalho foi investigar respostas germinativas e bioquímicas influenciadas pela aplicação do priming em sementes. Também foi investigado se essa técnica de pré-semeadura é capaz de gerar plântulas mais tolerantes ao estresse luminoso. Foram utilizadas sementes de quatro espécies arbóreas e nativas da Mata Atlântica: Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna (Paineira); Astronium fraxinifolium Schott (Gonçalo-Alves);
Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith (Ipê-branco) e Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult (Pororoca). A principal hipótese é que o priming em sementes é capaz de promover melhorias processo germinativo, no crescimento inicial, em parâmetros anatômicos, fotossintético e no sistema de defesa antioxidante, consequentemente, gerando plantas fisiologicamente capazes de tolerar as consequências da exposição ao sol pleno. Para investigar a hipótese, dois experimentos foram realizados. O primeiro,
conduzido em delineamento inteiramente casualizado, investigou os efeitos da aplicação do priming com água, metionina e PEG durante a germinação de sementes das quatro espécies. Foram avaliados parâmetros germinativos (porcentagem de germinação final (%GF) e índice de velocidade de germinação (IVG)) e parâmetros bioquímicos (conteúdo de peróxido de hidrogênio (H 2 O 2 ), de malonaldeído (MDA), de proteínas e
atividadede enzimas do sistema antioxidante (Superóxido dismutase (SOD), Catalase (CAT) e Ascorbato peroxidase (APX). O segundo experimento investigou os efeitos da aplicação do priming na geração de plântulas de C. speciosa cultivadas sob estresse luminoso. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2, sendo duas condições luminosas (sol pleno e sombrite 50%) e
dois tratamentos nas sementes: sem priming (controle) e com priming. Foram avaliados parâmetros de crescimento inicial (comprimento da parte aérea, da raiz, e da planta inteira; peso fresco da planta inteira, de folhas, do caule, da raiz e área foliar), de matéria seca (massa seca de folhas, caule, raiz e área foliar específica), parâmetro fotossintético (fotossíntese líquida), parâmetros anatômicos (índice estomático,
espessura da epiderme abaxial, adaxial, de células do parênquima paliçádico e esponjoso e do mesofilo). Foi também avaliado o conteúdo de pigmentos e os mesmos parâmetros bioquímicos realizados no primeiro experimento (extração e quantificação de H 2 O 2, MDA, proteínas, SOD, CAT e APX). No experimento I foi observado que o priming induziu o aumento do IVG em sementes de T. roseoalba e A. fraxinifolium e aumentou a atividade da CAT em sementes de C. speciosa. Já as sementes de M. coriacea possuíram menor conteúdo de MDA quando submetidas ao priming com metionina, menor conteúdo de H 2 O 2 quando aplicado o primig com água, metionina ou PEG e apresentaram maior conteúdo de proteínas quando submetidas ao hidropriming. No experimento II verificou-se que as plântulas cultivadas sob sol pleno possuíram maiores valores de H 2 O 2 e de comprimento de parte aérea, independente do tratamento aplicado nas sementes.O conteúdo de clorofila b e total foi maior em plantas condicionadas sob sombra e tratadas com priming para ambas as condições de luminosidade. Já a atividade de SOD foi maior em plântulas sem priming cultivadas sob sol pleno quando comparada a atividade de SOD de plântulas sem priming da condição de sombra e também quando comparada a plântulas com priming cultivadas sob sol pleno. As variáveis anatômicas analisadas não apresentaram significância estatística. Sendo assim, pode-se concluir que o priming em sementes influenciou a melhoraria de alguns parâmetros, majoritariamente ligados ao processo germinativo, porém, em plântulas, embora tenha induzido o aumento do conteúdo de clorofilas “b” e totais, não gerou plântulas significativamente diferentes àquelas que não receberam o tratamento.