SOBREPOSIÇÃO DO MORFO-ESPAÇO CRANIANO EM MAMÍFEROS TERRESTRES AMAZÔNICOS E A INFLUÊNCIA AMBIENTAL NA VARIAÇÃO MORFOL
morfometria 3D; mamíferos amazônicos; morfo-espaço; variáveis climáticas
A conservação da diversidade de mamíferos diante da crescente antropização e das mudanças climáticas representa um desafio urgente, especialmente na Amazônia, onde muitas espécies ainda são pouco conhecidas. Com seu complexo mosaico ecológico, a Floresta Amazônica moldou a evolução dos mamíferos ao longo de milhões de anos, promovendo uma diversidade morfológica influenciada por fatores geográficos e ecológicos.
Neste estudo, utilizamos morfometria geométrica 3D para investigar a variação craniana intra e interespecífica em Marsupiais, Primatas e Roedores Equimídeos da Amazônia brasileira. Partimos da hipótese de que espécies filogeneticamente próximas não apresentam diferenças morfológicas marcantes no morfo-espaço craniano, o que permitiria utilizá-las como referência para inferir nichos de espécies pouco estudadas.
A análise do morfo-espaço revelou ampla sobreposição morfológica e padrões de convergência funcional entre espécies, evidenciando a utilidade dessa abordagem na modelagem de nichos e na compreensão das interações ecológicas. Esses achados são relevantes para prever distribuições potenciais, avaliar os impactos das mudanças ambientais e embasar estratégias de conservação mais eficazes.
Não foram encontradas associações diretas entre a variação craniana e fatores ambientais como precipitação, temperatura, relevo ou dissimilaridade ambiental. Nossos resultados indicam que a forma craniana é predominantemente determinada por restrições filogenéticas, distribuída ao longo de um gradiente evolutivo, e não por condições climáticas locais. Essa fraca associação com variáveis ambientais sugere um cenário evolutivo sob seleção estabilizadora, no qual diferentes espécies compartilham morfologias semelhantes enquanto desempenham funções ecológicas distintas em ambientes similares.