A HILDA FURACÃO DE ROBERTO DRUMMOND: uma leitura sob a perspectiva alegórica de Walter Benjamin
Alegoria; Ditadura brasileira; Hilda Furacão; Metaficção historiográfica
Este estudo buscou compreender a possibilidade proceder uma leitura de construção alegórica no romance de Roberto Drummond, Hilda Furacão, à luz da alegoria benjaminiana. Assumiu-se como objetivo principal investigar os meandros que configuram o romance, na perspectiva da referida alegoria, e como específicos, identificar elementos históricos presentes no romance que contribuíram para a construção da alegoria sobre o período pré-1964, e interpretá-los à luz dos conceitos de Alegoria em Walter Benjamin e de Metaficção de Linda Hutcheon. Justificando-se a temática pela relevância do período em que a obra foi escrita, entre 1959 e 1964, época que antecedeu o Golpe Militar e a instauração da Ditadura no Brasil, o trabalho adotou como metodologia a perspectiva qualitativa, a partir da revisão bibliográfica, mobilizando os conceitos acima mencionados. A dissertação foi, assim, estruturada em três capítulos: o primeiro abordou a interseção entre História e Ficção em Hilda Furacão, contextualizando o romance em diálogo com a alegoria; o segundo examinou o conceito de alegoria, segundo Walter Benjamin; e o terceiro analisou trechos da obra, visando a possibilidade de a alegoria benjaminiana se manifestar como uma chave de leitura da narrativa, a partir de trechos que retratavam o contexto dos 'Anos de Chumbo'. Dentre os resultados, verificou-se que a narrativa expõe questões afetas à sociedade as quais corroboraram a relevância da perspectiva alegórica e metafccional para compreender o período no qual o romance se assenta e para além dele, a possibilidade de empreender outras leituras, visto que estas favorecem novos horizontes para a recepção social e compreensão da complexidade da história e de como a literatura pode ser uma ferramenta de conscientização. Desse modo, espera-se, também, contribuir com os estudos literários.