A Psicanálise como Contribuição na Formação Docente: Estudo colaborativo dos aspectos subjetivos e inconscientes da prática docente, com professores em formação inicial do programa residência pedagógica subgrupo química
Formação docente, psicanálise, Bion, fenomenologia
Ao considerar os desafios da formação docente dos cursos de licenciatura em Ciências, encontra-se a necessidade de construir espaços, nos quais o professor em formação inicial encontre possibilidades de se desenvolver um docente ativo de sua prática, a partir da reflexão na ação e sobre a ação. Mas, o processo de reflexão não acontece de forma isolada e individual, já que contempla a imersão do sujeito em um espaço e em uma determinada época, bem como compreende saberes docentes para além da formação acadêmica, abarcando também a constituição de valores e crenças pessoais, vínculos afetivos e emocionais entre sujeitos e entre sujeito e conhecimento. Neste sentido, o presente trabalho convida a reflexões sobre a dimensão subjetiva presente no ensino e aprendizagem, voltando o olhar para aspectos inconscientes das relações entre professor e aluno e entre o cognoscível e o cognoscente. Para tal, o referencial teórico utilizado para desenvolver as discussões foi o psicanalítico, e pela escassez encontrada no levantamento bibliográfico percebeu-se a importância de aproveitar e desenvolver novos conhecimentos com o referencial bioniano de continente e conteúdo, bem como ambiente grupal. Desta forma, o trabalho parte da seguinte questão: Como identificar e compreender se existe uma necessidade de ampliar a reflexão que o professor em formação inicial apresenta sobre a prática docente, sobre o ensino de ciências e sobre seu próprio processo reflexivo, a partir do referencial psicanalítico? Buscando respostas para a pergunta que orienta os caminhos da pesquisa, foi observado um grupo de professores em formação inicial do projeto Residência Pedagógica Subgrupo química. É válido ressaltar o contexto que foi realizada a pesquisa, no qual se insere no período pandêmico do Covid-19, influenciando nos métodos de pesquisa, bem como nas realidades experienciadas pelos participantes. A partir da fenomenologia enquanto método de pesquisa qualitativa, os professores em formação inicial foram questionados sobre a dimensão subjetiva da formação e prática docente, em dois principais momentos. O primeiro sendo a partir da entrevista semiestruturada realizada de forma individual e o segundo a partir de um encontro em grupo nomeado de conversa mediada. Logo, a partir dos dados obtidos com as entrevistas, observações diretas dos encontros da Residência Pedagógica subgrupo química e com os momentos de conversa mediada realizada pela pesquisadora, são escolhidas as descrições que estabelecem sentido com o referencial teórico utilizado. E baseado nas orientações metodológicas da fenomenologia foram encontradas unidades de significado que após movimentos de reduções levantou-se duas grandes categorias abertas, sendo elas a “linguagem inconsciente da relação professor e aluno” e a “formação docente” fundamentam o fenômeno investigado.