A REPRESENTAÇÃO DE XICA DA SILVA E DE SEU TEMPO
NA METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA
DE ANA MIRANDA
Metaficção historiográfica. Literatura Brasileira. Biografia.
Dentre as numerosas obras da escritora contemporânea Ana Miranda, Xica da Silva: A cinderela negra (2016) representa fortemente o que acreditamos ser o projeto literário da autora, visto que, suas narrativas, de forma ou de outra, propiciam novos olhares sobre personalidades ou anônimos da história do Brasil. A narrativa retrata de forma diferenciada a vida da ex-escrava que se tornou companheira do contratador das minas de diamantes e aquela que participou ativamente da sociedade do Distrito Diamantino, nas Minas Gerais, no período colonial brasileiro. A protagonista, conhecida inicialmente através da oralidade, transfigurou-se de várias formas até tornar-se objeto de estudo mais detalhado para a historiografia. Portanto, com base na proposta de Linda Hutcheon, que denomina produções contemporâneas voltadas para temas históricos como "metaficção historiográfica" (HUTCHEON, 1991), esse trabalho objetiva desenvolver uma leitura analítico-interpretativa da obra de Ana Miranda visando situá-la no contexto pós-modernista proposto por Hutcheon, a partir da perspectiva historiográfica e do cruzamento dos discursos histórico e ficcional, compreender como a hibridez de gêneros, a presença do “ex-cêntrico” e a adaptação corroboram na ressignificação da história de Xica da Silva, assim como, sobre o tempo e o espaço em que viveu essa mulher.