CINECLUBE: A ARQUITETÔNICA DO SUJEITO ESPECTADOR
Cineclube. Sujeito espectador. Arquitetônica.
O ser humano relaciona-se com seus semelhantes por meio da linguagem, assim a língua(gem) é considerada o pilar de toda sociedade. Dessa forma, estudos como o do Círculo de Bakhtin consideram o diálogo como um processo de interação mútua, ou seja, a constituição do sujeito acontece a partir do encontro com o outro na/pela linguagem, no qual os sujeitos constituem-se mutuamente e, a partir disso compreendem o mundo, atribuindo sentidos a tudo que está a sua volta. Nesse sentido, o Círculo de Bakhtin, a partir de suas reflexões, deixaram uma vasta obra rica em contribuições acerca da Filosofia da Linguagem e muitas dessas contribuições estão relacionadas à constituição dos sujeitos e à singularidade desses dentro de um acontecimento, ou seja, um processo dialógico que se fundamenta no eu-outro. Isso posto, o objetivo principal desta pesquisa é verificar o processo de formação e constituição do sujeito espectador do espaço de cineclube a partir dos debates presentes nesse ambiente. Para tanto, este estudo de caráter qualitativo, teve como embasamento teórico-metodológico os pressupostos dos estudos do Círculo de Bakhtin a partir de conceitos como sujeito, enunciado, acontecimento, arquitetônica e excedente de visão, bem como os estudos de pesquisadores que se debruçam sobre a questão da imagem e do audiovisual. Para alcançarmos nossos objetivos a metodologia utilizada foi a entrevista com grupo focal, no qual, a partir da transcrição das falas dos sujeitos participantes analisamos esse corpus mediante as relações arquitetônicas e os processos de constituição dos sujeitos e do acontecimento do espaço de cineclube sob o ponto de vista discursivo do Círculo. Dessa forma, as teorias bakhtinianas nos possibilitaram realizar uma abordagem a partir da sistematização dialógica da linguagem e da constituição dos sujeitos em uma inter-relação constitutiva mútua, com isso, foi possível observar a constituição dos sujeitos a partir das discussões presentes no espaço do cineclube e como as interações entre os participantes possibilitaram a sua formação a partir da representação do eu-outro. Portanto, esperamos que essa pesquisa possa vir a contribuir para os estudos referentes aos espaços de cineclube e do sujeito participante desse acontecimento, a partir dos referencias teóricos bakhtinianos.