A ENCARNAÇÃO DA PALAVRA EM TERRA DE SANTA CRUZ, DE ADÉLIA PRADO
poesia, corpo, dimensão religiosa, dimensão social, Adélia Prado.
A poesia se apresenta como uma linguagem específica que transpõe a objetividade da vida por meio dos sentidos, mesmo quando dialoga com o que há de mais óbvio no cotidiano. Dito isso, não parece ousado considerar que o poético é por excelência transgressor e transcendente, pois extrapola no poema os limites do corpo na experiência do real e da linguagem. Neste trabalho almejamos explorar aspectos da poesia de Adélia Prado que se tornam mais evidentes no livro Terra de Santa Cruz (1981), como a dimensão religiosa, a dimensão social e seus desdobramentos por meio do corpo, no qual tomamos como referencial teórico os estudos de Maurice Merleau-Ponty, Octávio Paz, Maurice Halbwachs e Georges Bataille. Percebe-se que sua inserção religiosa está vinculada à vivência social, no cotidiano, em que as relações são nutridas pela memória e pelo erotismo, singularizadas pela dualidade da experiência com o sagrado e o profano. O lirismo, entendido como a expressão individual da consciência, posiciona o sujeito poético no centro do poema, marcando o texto poético com procedimentos intertextuais, sendo possível verificar o diálogo recorrente em seus escritos dos textos bíblicos, da prosa de Guimarães Rosa e da poesia de Carlos Drummond.