CAMINHOS DE CICATRIZES E FERIDAS NO SAIR DA ÁFRICA: TESSITURAS LITERÁRIAS ENTRE ANGOLA, MOÇAMBIQUE E BRASIL
Produções. Angola. Moçambique. Brasil. Mapeamento.
Nesta dissertação, pretendemos mapear a inserção dos produtos afro e africanos no mercado brasileiro. Para tanto, percorremos a trajetória histórico-cultural da diáspora africana, a qual engendrou percepções estereotipadas acerca do continente e de seus povos. Assim, recorremos aos Estudos Culturais e Pós-Coloniais, com base em autores(as) como Hall (2018), Mata (2014), Fannon (2020), Said (2012) e Eagleton (2000), para discutirmos as mudanças epistemológicas suscitadas por perspectivas não eurocêntricas a respeito de África. Nesse sentido, evidenciamos a historicidade das literaturas africanas, em especial a de Angola e Moçambique, a fim de refletirmos sobre o modo como essas literaturas serviram como espaço antropológico e como instrumento de confronto anticolonial. Feito isso, propomos um (re)encontro entre as literaturas angolana e moçambicana e a brasileira, problematizando o falso sentimento de mestiçagem harmoniosa. Desse modo, realizamos, a partir do fluxo de influências entre Angola, Moçambique e Brasil, um mapeamento que englobou o período hipercontemporâneo e discutimos a presença de produções africanas e afrodescendentes no mercado brasileiro. Por fim, pudemos visualizar as cicatrizes e as feridas que ainda marcam as histórias dos africanos e dos afrodescendentes, mas que, nos timbres das literaturas angolana, moçambicana e brasileira, transformam-se em vozes de resistência ao sistema colonial e seus desdobramentos na contemporaneidade.