Qualificação realizada por meio de avaliação escrita.
NARRATIVAS DE SUBVERSÃO E RESISTÊNCIA: UM OLHAR SOBRE AS TRAVESTILIDADES À LUZ DA ANÁLISE DE DISCURSO MATERIALISTA
Análise de Discurso; Narrativas sobre si; Travestis.
Ancorados na Análise de Discurso materialista, pretende-se, com este trabalho, empreender um estudo sobre o olhar do sujeito sobre si mesmo. Nesse caso, trata-se especificamente do olhar de sujeitos que se autodenominam travestis, tratadas neste estudo como sujeitas, com enfoque para a construção social-discursiva delas a partir do olhar de si para consigo. Busca-se compreender como tais sujeitas se constituem enquanto seres no mundo. Nesse sentido, o presente trabalho visa trazer elementos do universo social de travestis a partir dos relatos produzidos por elas, entender como os aparelhos de Estado e as diferentes nomeações agem sobre a constituição das travestis, e ponderar sobre as nomeações e os procedimentos de exclusão relatados em suas vivências. Esta pesquisa se justifica na representação de sujeitas sociais que não estão, em maioria, nas instâncias de uma universidade, e é resultado da inquietação do pesquisador enquanto membro da comunidade LGBTQIAPN+ em relação aos discursos que circulam em diferentes instâncias sociais sobre as travestis, muitos deles carregados de ódio e de preconceito. Para fundamentar as reflexões propostas, foram utilizados os estudos de Pêcheux (1995, 2006), de Orlandi (2002, 2007, 2012) e de Zoppi Fontana (2018) sobre sujeito-discurso-ideologia; as contribuições de Althusser (1969) em relação à ideologia e aos aparelhos ideológicos; o conceito de formações discursivas e vontade de verdade de Foucault (1996, 2008); os estudos de Butler (2021) referentes ao discurso de ódio, e também os trabalhos de Butler (2003), Bento (2011), Jesus (2012), Louro (1997) e Nascimento (2021) sobre gênero e sexualidade. Esta pesquisa é caracterizada como um estudo de natureza qualitativa, de cunho bibliográfico e, por envolver um trabalho de campo em que se busca estudar sujeitos, é também de cunho etnográfico. Para a sua concretização, foram realizadas, até o momento, cinco entrevistas com pessoas que se autodenominam travestis, com o intuito de recortes de três relatos para, posteriormente, analisar esses textos à luz da teoria almejada, a AD materialista.