ARTE E RESISTÊNCIA: SENTIDOS DISCURSIVOS DO CORPO QUE DANÇA NA ESCOLA
Análise do discurso, dança, escola e resistência.
Este trabalho objetiva compreender o funcionamento discursivo da resistência na arte da dança a partir do dispositivo teórico metodológico da Análise do Discurso de filiação materialista. Para isso, tomamei a escola como espaço simbólico e analisei uma apresentação de dança realizada em uma festa junina. O corpus da análise é um vídeo que circulou via plataforma digital: Youtube. Minha análise se deu sobre diferentes materialidades significantes imbricadas. No percurso, aponto que a escola não propõe espaço significativo no cotidiano para um corpo que se movimenta. Em meu trajeto, também discuto como as práticas pedagógicas permanecem centradas em uma herança racionalista/positivista, voltada para um aprendizado centrado em adaptação do sujeito, herança ainda insuficientemente revista. As materialidades analisadas fazem acessar diferentes memórias de sentidos no contraponto a ideais e valores arraigados sobre o objeto corpo na escola. Em contraponto ao corpo da racionalidade, controlado, mostra-se um corpo que é afetado e afeta, manifesta-se um corpo em fruição que produz sentidos que rompem com o entrono. A partir da escuta das discursividades no corpus pude, então, elaborar sobre alguns sentidos de escola em relação a esse certo “descabimento” do corpo que dança. Ao estar fora do lugar da memória do corpo legitimado pelo institucional, os sujeitos que dançam no vídeo trouxeram para a análise a contradição entre o corpo obediente e o corpo em movimento, o que me permitiu compreender que na escola vivenciam um corpo que está para além de um mero instrumento para reprodução das relações hierárquicas. A análise do discurso sobre o vídeo, portanto, deu visibilidade do encontro de dois mundos: o da escola cotidiana e o do equívoco desse cotidiano estranhado por um corpo “descabido”, a partir daí permitindo a reflexão de que a dança é um lugar possível de acontecimento de um corpo que (re)existe simbolicamente na escola.