IMANI E SEU HAVER DE SER: UMA ANÁLISE ONTOLÓGICA FANONIANA NA TRILOGIA AS AREIAS DO IMPERADOR, DE MIA COUTO
Mia Couto; As Areias do Imperador; Fanon; Existencialismo; Racismo; Imani.
A presente dissertação teve como proposta analisar a subjetividade existencial da personagem Imani Nsambe, narradora da metaficção historiográfica As Areias do Imperador, de Mia Couto, composta pelos romances As Mulheres de Cinzas(2015), Sombras da Água (2016) e o Bebedor de Horizontes (2018), buscando assim entender quais elementos e fatores promoveram a percepção de uma experiência colonial, atravessada pela discriminação racial e pelo ser mulher, conduzindo-a na formação do seu sentir, pensar e agir. Assim, empregando conceitos basilares da teoria fanoniana como interiorização, fechamento identitário, zona de não ser, eretismo afetivo, reconhecimento e luta por reconhecimento, dupla consciência e duplo narcisismo, tal como as contribuições de Sartre para a teoria Existencialista, Simone de Beauvoir na questão de gênero, Hegel na elaboração da dialética do Senhor e do Escravo a fim de determinar a luta por reconhecimento de duas consciências, entre outros aportes teóricos, a atual pesquisa, alicerçada na concepção elaborada por Frantz Fanon, em sua obra Pele Negra, Máscaras Brancas (1952), de que os processos colonizatórios geraram uma alteração na estrutura social promovida pelo racismo, além de diversas mudanças psíquicas que resultaram em uma neurose psíquica coletiva de negros e brancos, percorreu o contexto histórico de Moçambique no final do século XIX, bem como a formação do corpo social da tribo de Imani, a questão do ser mulher nessas circunstâncias e o envolvimento afetivo com o sargento Germano de Melo, personagem que representa o colonizador para, desse modo, identificar a ontologia na qual a personagem foi elaborada.