Dissertações/Teses

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2024
Descrição
  • EDSON FERREIRA DA SILVA
  • A Crítica da razão pura e o projeto da metafísica como ciência

  • Data: 26/03/2024
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  • O propósito deste estudo é investigar e esclarecer a argumentação pela qual Kant propõe uma
    abordagem da metafísica que possa ser considerada como ciência. Para isso, procuramos nos
    basear em uma interpretação da Crítica da razão pura que enfatiza o papel da metafísica em
    seu projeto, em contraposição a uma leitura que destaca o papel da obra como uma fundação
    para o conhecimento científico. Dentro dessa abordagem, buscamos identificar três critérios
    que Kant define como indispensáveis para que a metafísica seja reconhecida como ciência.
    Mostramos como o filósofo trata cada um desses critérios, realizando simultaneamente uma
    crítica à metafísica racionalista. O primeiro critério diz respeito à necessidade de a metafísica,

    como ciência, definir a especificidade de seu conhecimento, o qual Kant identifica como co-
    nhecimento puro. Destacamos a crítica de Kant à falta de definição do conhecimento metafísico

    pelos racionalistas, assim como a necessidade de separação entre conhecimento puro e conhe-
    cimento sensível. O segundo critério estabelece que uma ciência precisa constituir um conhe-
    cimento sintético a priori. Ao abordar esse critério, Kant lança diversas críticas à metafísica

    racionalista e à confiança cega no princípio de não contradição como critério para fundamentar
    a possibilidade real de um conceito ou juízo. Também discutimos o papel da matemática como
    ciência modelo e como Kant procura distinguir seu tipo de conhecimento do conhecimento

    metafísico. O terceiro critério estabelece que a metafísica precisa ser um sistema. Assim, des-
    tacamos o papel da “Arquitetônica”, capítulo onde Kant expõe sua concepção de sistema. Ex-
    ploramos como a metafísica precisa de um conceito unificador que forneça unidade ao seu

    corpo de conhecimento e demonstre sua direção rumo à filosofia prática. A metafísica é vista
    como um sistema de todos os sistemas que orienta as outras ciências com um propósito prático.
    Por fim, comparamos o sistema da metafísica projetado por Kant com a própria Crítica da razão
    pura. Argumentamos que, embora a obra seja uma doutrina do método para a metafísica, ela já
    é também, em partes, a realização dessa própria metafísica. Dessa forma, a metafísica como

    ciência que Kant busca fundamentar na Crítica, já é parcialmente realizada através dessa fun-
    damentação.

  • ANDRÉ LUIZ DE SOUZA
  • O problema da distinguibilidade do objeto: uma análise da proposição de número 2.0233 do Tractatus

  • Data: 19/03/2024
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  • Wittgenstein nos oferece na proposição 2.0233 do Tractatus uma espécie de enigma. Falar em objetos de um mesmo tipo lógico tem a ver com o quê? Com a lógica ou com a aplicação da lógica? Em 5.557 aprendemos que a aplicação da lógica decide sobre quais proposições elementares existem. O que pode querer dizer que só descobriremos de quantos tipos os objetos simples são, por exemplo, depois, com a aplicação da lógica. Qual a função de 2.0233? Como o aforismo nela registrado se relacionaria, em harmonia, com as demais proposições da obra? Será que a definição de um objeto logicamente simples desse tipo não implicaria a possibilidade de um outro do mesmo tipo?  A indiscernibilidade nesse caso passaria a ter um caráter unitário, e essa incomunidade entre os objetos iguais, segundo a sua forma, seria porque eles “diferenciam-se um do outro apenas por serem diferentes”. Como medir o grau de “apoditicidade” da proposição de número 2.0233 dentro do Tractatus, que tem 2.02331 como seu apêndice? Isso envolve analisar se a ideia de “objetos simples do mesmo tipo lógico indiferenciáveis” se sustenta: seja por ser ela ser uma noção deduzível do restante da obra, e, portanto, algo que a lógica pode antecipar, ou seja por ela ser algo que surge, posteriormente, com a “aplicação da lógica” (5.557). A suposição da existência de objetos de um mesmo tipo lógico não enfraqueceria o conceito de “objeto”, que se define como coisa irredutível e simples?  Dizer quantos são é algo diferente de dizer de quantos tipos são? Ou dizer de quantos tipos são é o mesmo que dizer quantos existem? Ora, estamos falando da própria substância do mundo. Se tivermos em vista 2.0233, 5.557 parece permitir-nos pensar algo de caráter essencial “depois” da lógica, com a sua aplicação. Este trabalho pretende urdir algumas interpretações sobre esse tópico e, por essa via, retomar o tema da coerência interna do Tractatus, que se pretendeu irrepreensível na época em foi escrito.

  • ANDRÉ LUIZ DE SOUZA
  • O problema da distinguibilidade do objeto: uma análise da proposição de número 2.0233 do Tractatus

  • Data: 19/03/2024
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  • Wittgenstein nos oferece na proposição 2.0233 do Tractatus uma espécie de enigma. Falar em objetos de um mesmo tipo lógico tem a ver com o quê? Com a lógica ou com a aplicação da lógica? Em 5.557 aprendemos que a aplicação da lógica decide sobre quais proposições elementares existem. O que pode querer dizer que só descobriremos de quantos tipos os objetos simples são, por exemplo, depois, com a aplicação da lógica. Qual a função de 2.0233? Como o aforismo nela registrado se relacionaria, em harmonia, com as demais proposições da obra? Será que a definição de um objeto logicamente simples desse tipo não implicaria a possibilidade de um outro do mesmo tipo?  A indiscernibilidade nesse caso passaria a ter um caráter unitário, e essa incomunidade entre os objetos iguais, segundo a sua forma, seria porque eles “diferenciam-se um do outro apenas por serem diferentes”. Como medir o grau de “apoditicidade” da proposição de número 2.0233 dentro do Tractatus, que tem 2.02331 como seu apêndice? Isso envolve analisar se a ideia de “objetos simples do mesmo tipo lógico indiferenciáveis” se sustenta: seja por ser ela ser uma noção deduzível do restante da obra, e, portanto, algo que a lógica pode antecipar, ou seja por ela ser algo que surge, posteriormente, com a “aplicação da lógica” (5.557). A suposição da existência de objetos de um mesmo tipo lógico não enfraqueceria o conceito de “objeto”, que se define como coisa irredutível e simples?  Dizer quantos são é algo diferente de dizer de quantos tipos são? Ou dizer de quantos tipos são é o mesmo que dizer quantos existem? Ora, estamos falando da própria substância do mundo. Se tivermos em vista 2.0233, 5.557 parece permitir-nos pensar algo de caráter essencial “depois” da lógica, com a sua aplicação. Este trabalho pretende urdir algumas interpretações sobre esse tópico e, por essa via, retomar o tema da coerência interna do Tractatus, que se pretendeu irrepreensível na época em foi escrito.

     
     
     
2023
Descrição
  • LEONARDO ALEXANDRE DE ANDRADE
  • Revolta contra o mundo mecânico: uma leitura de Carl Schmitt contra Thomas Hobbes

  • Data: 19/12/2023
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  • Esta dissertação pretende efetuar uma análise comparativa entre o pensamento político
    de Thomas Hobbes e Carl Schmitt. Ao interrogar a obra “O Leviatã de Thomas Hobbes” de
    Schmitt, intenta-se esquadrinhar os conceitos fundamentais do pensamento de Hobbes em seu
    Leviatã e compará-los com os de O Conceito do Político de Schmitt. Esta pesquisa se
    desenvolve, em um primeiro nível, internamente à obra de Hobbes, analisando as passagens do
    próprio Leviatã e colhendo, a partir delas, possíveis interpretações que corroborem o objetivo
    da tarefa em questão. Em um segundo nível, prossegue também analisando os conceitos gerais
    do pensamento político de Schmitt para averiguar a validade da interpretação de Schmitt quanto
    à teoria política de Hobbes na obra supracitada. Em um primeiro momento, no capítulo I, nossa
    investigação focará na epistemologia hobbesiana, as premissas mecanicistas e suas
    consequências sistêmicas, passando então, no capítulo II, para os fundamentos da teoria política
    de Schmitt, para, enfim, concluirmos propondo uma análise comparativa. O problema, então,
    que cabe desde o início é: seria a interpretação schmittiana do Leviatã de Hobbes uma
    interpretação condizente com o pensamento do autor inglês?

  • DOUGLAS RESENDE DA SILVA
  • Princípio e matéria informe nos livros XI e XII das "Confissões"

  • Orientador : MELINE COSTA SOUSA
  • Data: 24/11/2023
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  • Esta dissertação investiga os conceitos de princípio e matéria, a partir de uma análise da hermenêutica agostiniana do primeiro e do segundo versículo do livro do Gênesis desenvolvida nos livros XI e XII das Confissões de Agostinho. No livro XI, Agostinho investiga o conceito de principium, que se encontra atrelado ao conceito de criação no Gênesis e também investiga o significado das palavras “céu e terra” presentes na passagem: “Audiam et intellegam, quomodo in principio fecisti [Deus] caelum et terram. (Que eu ouça e entenda como no princípio fizeste [Deus] o céu e a terra)” (Conf. XI, iii, 5). Ainda no livro XI, Agostinho investiga a natureza do tempo, questão que surge através da tentativa agostiniana de responder e refutar à questão feita pelos “céticos”: “Quid faciebat Deus, antequam faceret caelum et terram? (Que fazia Deus, antes de criar o céu e a terra?” (Conf. XI, x, 12). Ao longo do livro XI a interpretação agostiniana do primeiro versículo do Gênesis é feita por meio da contraposição e relação entre Criador e criatura, eternidade e tempo. No livro XII, Agostinho investiga o conceito de matéria, especificamente de matéria informe (informis materies) que ele elabora através de uma hermenêutica interpretativa da expressão “(...) haec terra erat invisibilis et incomposita (...)” (esta terra era invisível e desordenada) (Conf. XII, iii, 3). Para pensar sobre a natureza da matéria, Agostinho introduz o conceito de creatio ex-nihilo (criação do nada). Assim, qual seria a origem da matéria que Deus criou o mundo? De Deus ou do nada? O que é a matéria, afinal? 

  • GISELE TIEMI DE ASSIS SUGAWARA
  • Édipo cego: A feminilidade para além do complexo edípico em Freud e Lacan

  • Data: 29/06/2023
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  • A ideia central da pesquisa baseia-se em trabalhar com escritos de Freud acerca da feminilidade e com os aportes proporcionados pela teoria lacaniana no que diz respeito a esse tema. Foram explorados textos sobre as diferenciações na constituição sexual e psíquica entre homens e mulheres e como isso influiu na noção de feminino para cada um dos dois psicanalistas. Fez-se necessário atentar-se à forma como ambos pensaram o complexo de Édipo, conceito-chave nas psicanálises freudiana e lacaniana para se compreender a formação do sujeito. Além disso, através dessas leituras, buscou-se ponderar se faz sentido pensar que Lacan avançou com relação a Freud em algum aspecto ao tratar dessa temática ou se foi conservado certo escopo que já existia na obra freudiana. Para além dos textos de Freud e Lacan, também foram explorados, dentro do corpus psicanalítico, outros autores e autoras, que buscam compreender a feminilidade fora de uma lógica falocêntrica. O primeiro capítulo trata sobre o que Lacan elaborou acerca do complexo de Édipo e como isso repercutiu em conceitos cunhados por ele, tais como gozo fálico e gozo suplementar. A intenção foi articular esses conceitos com o tema central da pesquisa, isto é, com a construção psicanalítica da noção de feminino. Para tanto, também se revelou essencial analisar a tábua lacaniana da sexuação. O segundo capítulo consiste em um retorno a estudos de Freud, que elaboram sua concepção da feminilidade a partir de teorias referentes à castração, à inveja do pênis e ao supereu. Também foi discutido um caso clínico de Freud – o caso Dora – visando apresentar a repercussão que os escritos sobre histeria tiveram sobre a prática clínica e a investigação do processo de subjetivação da mulher, sobretudo no que diz respeito à problemática da edipianização da histeria. Assim, tentou-se apontar para alguns limites da concepção do feminino tanto em Lacan como em Freud, buscando delinear elementos que fazem parte de um debate ainda central para a psicanálise.

  • FABIO DA SILVA SANTOS
  • ELEMENTOS PARA A LEITURA DO PROBLEMA MORAL EM SARTRE

  • Data: 28/06/2023
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  • A dissertação se debruça nos aspectos elementares da ética de Jean-Paul Sartre. O filósofo afirma a primazia da liberdade humana como condição de uma moral autêntica em oposição às concepções morais tradicionais. A consciência humana encontra-se desvinculada de determinações lógicas e princípios normativos que determinam as escolhas e ações. Os conceitos como liberdade, consciência, responsabilidade, má-fé, angústia, que serão alvo de análise, ganharão peso nas reflexões filosóficas sartreanas que culminarão na filosofia moral existencialista. Para tanto, partimos de analisar o caminho percorrido pelo jovem Sartre no ensaio “Transcendência do Ego-esboço para uma descrição fenomenológica” (1936), onde elabora as suas críticas às concepções filosóficas que introduzem a presença de um ego operador na imanência da consciência. Com o objetivo de manter a consciência como pura transcendência, Sartre assume o conceito de consciência intencional, a qual se projeta em direção ao mundo exterior, sem qualquer princípio egológico responsável pela síntese e unificação das vivências. As refutações às teorias que postam o ego formal e material na consciência implicam ressonâncias éticas tanto no ensaio propriamente dito, quanto nas filosofias posteriores, como “O Ser e o Nada”.

  • LUAN CAVALHERA CAMACHO
  • CONSCIÊNCIA E INTENCIONALIDADE NA FILOSOFIA ANALÍTICA: UMA INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE JOHN SEARLE.

  • Data: 16/05/2023
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  • A concepção de naturalismo biológico de John Searle busca promover uma solução para o
    problema mente-corpo e definir a natureza da mente, dos estados mentais e da liberdade.
    Buscamos apresentar nesta pesquisa as principais abordagens de filosofia da mente:
    dualismo de propriedades, monismo anômalo, materialismo e fisicalismo, bem como suas
    principais contribuições para a filosofia da mente, com o duplo objetivo de evidenciar os
    principais problemas que envolvem os pontos de vista de cada uma dessas abordagens e
    estabelecer os elementos que serviram de inspiração para Searle desenvolver o naturalismo
    biológico, que também pode ser definido como fisicalismo não-redutivo. O naturalismo
    biológico, dessa maneira, defende o ponto de vista de que a mente é um produto, em
    macro-nível, de propriedades do cérebro em micro-nível – propriedades neurofisiológicas e
    sinapses neuronais. Uma vez causada pelas propriedades do cérebro, a mente não pode ser
    reduzida às próprias causas que as originaram porque ela possui características intrínsecas
    que não são capazes de serem apreendidas objetivamente, conforme apontam a ontologia
    em primeira pessoa, as características qualitativas de perceber o mundo e a
    intencionalidade. A consciência é o plano de fundo da mente e é nela que os estados
    mentais e os estados intencionais se realizam. Os estados mentais correspondem a
    pensamentos, sentimentos, sensações que nós indivíduos possuímos e estes podem ser
    conscientes ou não – uma dor de estômago é um estado mental não consciente, assim como
    o desejo de tomar café é um estado mental consciente, por exemplo. Os estados
    intencionais são componentes dos estados mentais e são eles que conectam os estados
    mentais aos estados de coisas que existem no mundo. No jargão do senso comum, os
    estados intencionais podem ser caracterizados como a liberdade do indivíduo e eles
    representam nossas crenças, expectativas e desejos em relação a estados de coisas que
    existem no mundo. Com efeito, os estados intencionais são compostos por um modo
    intencional que definirá a forma do estado intencional – se é uma crença, um desejo, uma
    volição – e um conteúdo intencional que definirá para qual o estado de coisas no mundo ao
    qual o estado intencional se direciona. Os estados intencionais podem ser realizados por
    meio de atos da fala, experiências perceptivas e ações deliberativas. Quando os estados
    mentais possuem um conteúdo intencional bem definido, possuem também uma direção de
    ajuste e condições de satisfação, ao passo que, quando não há um conteúdo intencional
    bem definido, os estados mentais se tornam representação de uma representação –
    intensionalidade-com-s. Por último, e não menos importante, os estados intencionais
    sempre estão acompanhados de um background de outras capacidades não intencionais –
    aptidões, habilidades, cultura local e regional – e uma Rede de estados intencionais de
    outros agentes – que podem ser indivíduos ou instituições.

  • HERMILA RESENDE SANTOS
  • ABSURDO, REVOLTA E MEDIDA EM ALBERT CAMUS: A ARTE COMO TRANSGRESSÃO DO REAL

  • Data: 30/03/2023
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  • Em seus Carnets, Camus esboçou o desejo de trabalhar com três mitos gregos: Sísifo,
    Prometeu e Nêmesis, que figurariam como representação estética e ponto de partida para o
    desenvolvimento de três conceitos que perpassam toda sua obra: absurdo, revolta e medida,
    respectivamente. Os comentadores identificam dois ciclos bem definidos no pensamento
    camusiano: do absurdo e da revolta. Cada um desses ciclos seria composto por uma obra
    ensaística principal, um romance e uma ou duas peças de teatro. Camus vale-se de linguagens
    bem distintas para abordar um mesmo conceito e até mesmo ultrapassá-lo. Nesse sentido, o
    filósofo pied-noir apresenta uma rejeição ao formalismo sistemático e ao enaltecimento da
    razão enquanto única dimensão do homem, valorizando a construção do pensamento através
    de imagens. O romance e a arte em geral aparecem como instrumentos capazes de alcançar as
    demais dimensões do humano, que não se limitam à razão, mas recorrem à sensibilidade
    despertada através de vivências indiretas - isto é, leitura e experimentação de narrativas
    ficcionais. Nessa ponte entre filosofia e literatura, ou filosofia e imagem, Camus concede
    lugar de destaque à criação artístico-literária, que figuraria como uma das poucas alternativas
    ao homem lúcido que deseja, ao mesmo tempo, ultrapassar a cruel realidade do mundo, sem
    no entanto se desvincular completamente do realismo que é necessário a uma lucidez
    consciente. O ciclo da medida (ou do amor), apesar de interrompido pela morte precoce do
    autor, representaria o ápice de sua proposta filosófica, que estaria situada no equilíbrio entre
    dois extremos: a absolutização da história e o completo desligamento do real. Sua proposta
    seria conciliar o engajamento histórico consciente sem, no entanto, se limitar à história e, por
    outro lado, ultrapassá-la sem se desligar por completo da realidade.

2022
Descrição
  • CARINA DE PAULA SANTOS
  • A ORIGEM DOS CONCEITOS DE “BOM E MAU”, “BOM E RUIM” EMNIETZSCHE

  • Data: 31/10/2022
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  • O objetivo desta dissertação consiste em analisar a importância da questão do valor dos valores para a construção da crítica à moral presente na primeira dissertação da Genealogia da Moral, e consequentemente compreender como tal projeto possibilita o desenvolvimento de uma nova dimensão positiva no pensamento de Nietzsche. Nesse percurso, analisamos como o filósofo expõe a procedência imanente dos valores e posteriormente desenvolve o procedimento genealógico que permite o exame das condições sob as quais os valores foram criados e modificados ao longo da história. A partir disso, investigamos as distinções entre a moral nobre e a moral escrava, e como esses dois tipos procedem ao engendrar as valorações – a primeira como expressão de uma fisiologia poderosa e afirmadora, e a segunda como o reflexo de uma constituição fraca e impotente. Faremos ver que os valores que regem a civilização ocidental caracterizam a visão de mundo do homem do ressentimento, que conduzidos pelo espírito de vingança da casta sacerdotal, conseguiu universalizar a sua fraqueza e fazer triunfar uma moral que nega o mundo da vida. Por fim, tentaremos compreender como Nietzsche articula os conceitos de vida e valor, o que nos  dará a chave para vislumbrar a perspectiva propositiva de sua crítica à moralidade.

  • PATRICK LUIZ BARRETO SOARES
  • A RELAÇÃO ENTRE VONTADE E INTELECTO NA PRIMA PARS (QQ. 82 E 83) E PRIMA SECUNDAE (QQ. 6-17) DA SUMA DE TEOLOGIA DE TOMÁS DE AQUINO

  • Data: 27/10/2022
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  • O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise da relação entre intelecto e vontade na Suma de Teologia de Tomás de Aquino, percorrendo tanto a apresentação da Prima Pars quanto a da Prima Secundae. Sobre isso, surgem algumas dificuldades quanto à sua interpretação. O primeiro problema encontra-se na tradição interpretativa, que indica uma mudança na teoria tomista, marcada pela condenação de 1270. Neste sentido, existiriam diferenças significativas entre as duas partes, em que a Prima Pars estaria mais próxima de Aristóteles e a Prima Secundae se distanciaria do Estagirita, propondo uma leitura mais de acordo com uma liberdade da vontade. O segundo problema tem relação direta com o primeiro: a teoria do Doutor Angélico seria mais voluntarista (isto é, teria a vontade como senhora de seus atos) ou mais intelectualista (ou seja, o intelecto seria o centro da estrutura das ações humanas, comandando a vontade e restringindo sua liberdade). A hipótese deste trabalho é a seguinte: primeiramente, não há mudanças significativas entre a Prima Pars e a Prima Secundae, existindo na segunda, entretanto, uma expansão de conceitos que já apareciam na primeira; segundo, é possível propor uma interpretação mais voluntarista da teoria tomista, no entanto esse tipo de interpretação é bastante simplista e, por vezes, não dão conta da complexidade do texto, em que se encontra forte indicação da imbricação dos atos da vontade com os do intelecto, e vice-versa.

  • MIGUEL DA SILVA FONSECA
  • O intelectual em Foucault

  • Orientador : LUIZ ROBERTO TAKAYAMA
  • Data: 31/03/2022
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  • A presente pesquisa consiste em uma análise, a partir de uma abordagem histórico-filosófica, da problematização realizada por Michel Foucault sobre do papel dos intelectuais em seu tempo. Partindo de suas formulações acerca da temática, buscamos nos primeiro e segundo capítulos realizar um estudo histórico visando fornecer subsídio para compreender algumas das transformações ocorridas na sociedade francesa em épocas distintas que de certa forma influenciaram no aparecimento de dois tipos de intelectuais denominados por Michel Foucault como intelectual “universal” e intelectual “específico”. O primeiro capítulo buscar elencar alguns elementos que possibilitam entender o que levou os “homens de letras”, no final do século XVIII, a desejar uma união entre seus pares em uma espécie de irmandade. No segundo capítulo, tomamos como objeto de análise a emergência do intellectuels no final do século XIX, objetivando compreender o que levou os “profissionais intelectuais” a se organizarem e constituírem-se como uma nova classe política e como isso reverbera na constituição política dos intelectuais que aparecem na primeira metade do século XX. Por fim, nosso terceiro capítulo será dedicado ao estudo das problematizações empreendidas por Michel Foucault acerca do papel dos intelectuais na contemporaneidade, tomando como base a relação entre teoria e prática que ele estabeleceu para si enquanto um intelectual engajado nas lutas políticas.

  • GUILHERME DE SOUZA
  • O Banquete e a figura do daimon platônico

  • Data: 31/03/2022
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  • Esta pesquisa tem como finalidade analisar como Platão se distancia da tradição religiosa da Antiguidade mediante o pensamento do daîmon. Em seu diálogo OBanquete Platão vai expor o lado filosófico de Eros, que até então era conhecido por ser um deus Olímpico do Amor, denominando-o como um grande daîmon (δαίμωνμεγας) a partir do diálogo entre o velho mestre Sócrates e a sacerdotisa Diotima de Mantineia. Para tal análise foi necessário percorrer as diferentes noções que os pensadores que antecederam o filósofo esboçaram os significados (a nível semântico) do daîmon. Sobretudo, a dissertação traz uma análise da concepção mítico-filosófico sobre o Amor no Banquete e como a noção de daîmon atua nesta questão. Por fim, demonstrar as concepções filosóficas de Sócrates mediante a ‘’transposição platônica’’ da noção de daîmon.

  • GUILHERME DE SOUZA
  • O DAIMON SOCRÁTICO EM PLATÃO.

  • Data: 31/03/2022
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  • Esta pesquisa tem como finalidade analisar como Platão se distancia da tradição religiosa da Antiguidade mediante o pensamento do daîmon. Em seu diálogo OBanquete Platão vai expor o lado filosófico de Eros, que até então era conhecido por ser um deus Olímpico do Amor, denominando-o como um grande daîmon (δαίμωνμεγας) a partir do diálogo entre o velho mestre Sócrates e a sacerdotisa Diotima de Mantineia. Para tal análise foi necessário percorrer as diferentes noções que os pensadores que antecederam o filósofo esboçaram os significados (a nível semântico) do daîmon. Sobretudo, a dissertação traz uma análise da concepção mítico-filosófico sobre o Amor no Banquete e como a noção de daîmon atua nesta questão. Por fim, demonstrar as concepções filosóficas de Sócrates mediante a ‘’transposição platônica’’ da noção de daîmon.

  • JOSE MONSERRAT NETO
  • TEORIA DA ALIENAÇÃO NOS MANUSCRITOS DE MARX: UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE ALIENAÇÃO E SUA SUPERAÇÃO.

  • Data: 30/03/2022
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  • Investiga-se a teoria da alienação dos Manuscritos Econômico-Filosóficos (Marx, 2015a) com foco nas duas transições, o processo de alienação e o de sua superação. Contextualiza-se conceitualmente o termo ‘alienação’ (Leopold, 2018) e historicamente os Manuscritos (Musto, 2014, 2019). Analisam-se os quatro passos da alienação no trabalho que são a alienação: do trabalhador do produto de seu trabalho; do próprio trabalho; de sua essência humana; e do homem pelo homem. Nos passos, a abstração é associada à alienação, à indiferença da troca comercial, e entre os homens, que não mais se relacionam humanamente entre si. A atividade da essência do homem é reduzida à de subsistência. Problematiza-se a justificação das quatro determinação da alienação frente a propriedade privada. Na primeira transição, examina-se o processo de abstração crescente da propriedade privada, da troca comercial, do trabalho e capital, como um processo de alienação crescente na constituição do capitalismo. Analisa-se a homologia que Marx estabelece entre o processo de abstração da dialética de Hegel e o processo histórico de abstração da alienação do homem na constituição do capitalismo. Avaliam-se as polêmicas em torno da homologia que nasce d’O Capital (Marx, 2013), mas que também está presente nos Manuscritos. Identifica-se a origem das controvérsias na crítica de Marx à dialética de Hegel. Examinando-a em detalhes, identifica-se a sua principal crítica: o caráter abstrato e alienado da superação dialética de Hegel que, ao fim, reafirma a alienação do homem. Avaliam-se algumas críticas à crítica de Marx e assinala-se a sua “confusão” entre os pensamentos puro e objetivo, mas, ao mesmo tempo, a sua perspectiva de transformação da sociedade. Examinam-se três homologias nos Manuscritos, a do universal concreto do dinheiro com a Ideia absoluta da dialética, de Klein (2015); a do trabalho humano com a atividade negativa do pensamento puro, de Iber (2018); e a da progressão da propriedade privada como contradição capitaltrabalho, até sua dissolução, com as determinações da reflexão da Lógica da essência de Hegel, de Bavaresco et al (2019). Elas contribuem para explicar os problemas da primeira transição: a fundamentação falha das quatro determinações entre alienação e propriedade privada, e os paradoxos da essência alienada que confirma a essência humana e da necessidade histórica da alienação. Relacionamse as homologias à antropologia negativa do homem pressuposto de Marx, que não é sujeito da história (Fausto, 2015) e que realiza a essência humana ao desenvolvê-la e, ao mesmo tempo, dilacerá-la. Na segunda transição, investigamse os cinco passos do comunismo descritos nos Manuscritos. Os dois primeiros passos expõem a reapropriação do objeto do trabalho e a supressão do Estado capitalista, a dimensão objetiva da reapropriação do objeto pelos trabalhadores, os três últimos a dimensão subjetiva da reapropriação do objeto. Com Brudney (1998), avalia-se o problema da justificação da essência humana. Os trabalhadores desconhecem a sua essência humana e são incapazes de assumi-la na prática. Constata-se, porém, que isso não representa problema para Marx, pois a solução teórica realiza-se na prática, não pela abstração alienada da prática, justificando-se a sua recusa da filosofia. Identifica-se um obstáculo: a percepção autocertificadora, de Feuerbach, não pode ser empregada, pois os trabalhadoresestão sob o efeito da alienação objetiva do capitalismo. Avaliam-se a organização e prática revolucionárias dos trabalhadores como antecipadores da situação futura, e constata-se que são insuficientes para mudar sua postura. Resume-se o impasse: não é possível o trabalhador assumir na prática a visão comunista – a dimensão subjetiva da reapropriação do objeto – sem que se efetive a dimensão objetiva da reapropriação. Para Marx, as dimensões objetiva e subjetiva devem ocorrer juntas. Examina-se um exemplo de revolução nos Manuscritos, e conclui-se que a revolução desempenha papel indispensável na solução de Marx. Ela rompe o bloqueio da dimensão objetiva da alienação e permite a união das dimensões objetiva e subjetiva da reapropriação do objeto, em que os trabalhadores se tornam enfim conscientes. Ela ganha papel crucial porque, no capitalismo, o homem não é sujeito, é pressuposto. Ela propicia o nascimento do homem posto como sujeito da história. Por último, analisa-se dois problemas da segunda transição: a dependência da solução de Marx na revolução, e a aparente impossibilidade da teorização da superação da alienação, a não ser realizando-a. Após análise das transições e seus problemas, conclui-se que a teoria de Marx não explica a alienação de forma consistente, não explica como a alienação surge ou se reproduz no capitalismo, nem como, de modo convincente, é possível superá-la para se construir uma sociedade emancipada. São duas fontes de dificuldades: a sua apropriação problemática do conceito de essência humana, e a lógica dialética hegeliana que conduz o processo de alienação e sua superação. Conclui-se que os erros são: concepção inadequada da alienação e sua superação, e emprego problemático da dialética hegeliana. Uma lógica idealista conduz a superação da alienação através de uma concepção inadequada de revolução, que junta o momento histórico da eclosão da revolução com o momento dialético de dissolução da contradição entre capital e trabalho, sem a ação real e ativa dos trabalhadores. Sugere-se que Marx torna-se prisoneiro da lógica dialética nos Manuscritos e que, talvez, também n’O Capital. Nele, a revolução parece continuar a exercer o papel central para a superação do capitalismo, dentro de uma lógica idealista pré-concebida que “liberta” a humanidade. Sugere-se que tais equívocos podem ajudar a explicar algumas das dificuldades atuais enfrentadas na superação do capitalismo, tal como o divórcio entre a teoria marxista e a prática revolucionária dos trabalhadores (Anderson, 2017).

  • CLARA DANIELE MOURA DE SOUSA
  • SOLIDÃO E PENSAMENTO EM HANNAH ARENDT

  • Data: 30/03/2022
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  • Para Hannah Arendt, pensar o contexto totalitário é utilizar os acontecimentos históricos além de uma simples descrição dos fatos. A pensadora analisa o totalitarismo como uma novidade por se apresentar diferente de outras formas autoritárias de governo consideradas até então. Por isso, ao tratar do totalitarismo a autora explora seus acontecimentos ao tentar responder questões que mesmo após tantos anos das atrocidades ocorridas na Segunda Guerra, não somos capazes de responder.

    Dentro desses efeitos gerados a partir do totalitarismo está o de solidão de pensamento, que é compreendido pela autora como uma das maiores consequências produzidas pelo poder totalitário, e apenas percebido quando seu domínio já não possui mais objeção, no momento em que a população já se encontra completamente subjugada, sem oposição ou obstáculos para suas ações.

    Com isto, nessa dissertação pretendo apresentar a relação existente entre os conceitos de solidão e pensamento a partir das experiências totalitárias refletidas por Arendt. A fim de estruturar a ideia central deste trabalho, que se faz na apresentação do conceito de solidão e sua ligação ao contexto totalitário, irei utilizar a obra As Origens do Totalitarismo a fim de fazer essa primeira abordagem, uma vez que o conceito de solidão de pensamento é desenvolvido em sua fase final. Por fim, relacionando essa ideia ao movimento de massas e como ela desdobra- se como principal marca do poder totalitário.

    Mais à frente pretendo alinhar a reflexão realizada neste capítulo ao conceito desenvolvido alguns anos depois pela autora, o da banalidade do mal, o qual ela reflete inicialmente em sua obra Eichmann em Jerusalém (1963) e desenvolve em Responsabilidade e Julgamento (2003), conectando tal conceito ao de solidão e, por fim, utilizarei da obra A Vida do Espírito (1978) no intuito de esclarecer o entendimento da autora sobre a atividade do pensar e os elementos essenciais para esta atividade.

    Em As Origens do Totalitarismo a autora faz um levantamento dos acontecimentos ocorridos na conjuntura totalitária que se instaurava na primeira metade do século XX. Apesar de regimes autoritários terem se alastrado em algumas partes da Europa, foi na Alemanha e na Rússia que realmente se desenvolveu o totalitarismo, sendo representado pelo nazismo e o bolchevismo respectivamente.

    Ao considerar que o conceito de solidão liga- se mais diretamente ao nazismo, me proponho a usar, neste estudo, o regime nazista como centro do fenômeno totalitário. e apontar como a deterioração das relações humanas na Europa deram causa a uma dominação jamais vista, que desfez com tudo constituído até então, demonstrando que tudo era possível, partir da eliminação de todas convenções políticas, sociais e jurídicas do Estado.

    Assim, os governos totalitários passaram a utilizar da ideologia pautada nas leis da natureza e da história a fim de dominar completamente as sociedades, objetivando a criação de uma nova humanidade. A ideologia junto ao terror são os elementos necessários para essa dominação, enquanto a ideologia – a lógica de uma ideia – serve para substituir a realidade, o terror impossibilita a ação humana, retirando a espontaneidade dos sujeitos.

    Com isto, o totalitarismo conseguiu tomar o poder, constituindo sua dominação total ao exterminar a pessoa jurídica, moral e individual das coletividades, como será melhor explorado mais à frente. Portanto, é possível entender que para a autora é através do isolamento dos indivíduos, retirando- os de um contexto plural, tornando- os incapazes de começar algo novo, que o totalitarismo consegue alcançar o poder.

    Portanto, o objetivo ao qual me detenho neste trabalho é o de apresentar o conceito de solidão como principal objetivo totalitário, uma vez que com a eliminação da espontaneidade dos indivíduos, interrompe- se a probabilidade de haver resistência a sua manipulação.

  • CLARA DANIELE MOURA DE SOUSA
  • "A solidão como essência do governo totalitário"

  • Data: 30/03/2022
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  • Para Hannah Arendt, pensar o contexto totalitário é utilizar os acontecimentos históricos além de uma simples descrição dos fatos. A pensadora analisa o totalitarismo como uma novidade por se apresentar diferente de outras formas autoritárias de governo consideradas até então. Por isso, ao tratar do totalitarismo a autora explora seus acontecimentos ao tentar responder questões que mesmo após tantos anos das atrocidades ocorridas na Segunda Guerra, não somos capazes de responder.

    Dentro desses efeitos gerados a partir do totalitarismo está o de solidão de pensamento, que é compreendido pela autora como uma das maiores consequências produzidas pelo poder totalitário, e apenas percebido quando seu domínio já não possui mais objeção, no momento em que a população já se encontra completamente subjugada, sem oposição ou obstáculos para suas ações.

    Com isto, nessa dissertação pretendo apresentar a relação existente entre os conceitos de solidão e pensamento a partir das experiências totalitárias refletidas por Arendt. A fim de estruturar a ideia central deste trabalho, que se faz na apresentação do conceito de solidão e sua ligação ao contexto totalitário, irei utilizar a obra As Origens do Totalitarismo a fim de fazer essa primeira abordagem, uma vez que o conceito de solidão de pensamento é desenvolvido em sua fase final. Por fim, relacionando essa ideia ao movimento de massas e como ela desdobra- se como principal marca do poder totalitário.

    Mais à frente pretendo alinhar a reflexão realizada neste capítulo ao conceito desenvolvido alguns anos depois pela autora, o da banalidade do mal, o qual ela reflete inicialmente em sua obra Eichmann em Jerusalém (1963) e desenvolve em Responsabilidade e Julgamento (2003), conectando tal conceito ao de solidão e, por fim, utilizarei da obra A Vida do Espírito (1978) no intuito de esclarecer o entendimento da autora sobre a atividade do pensar e os elementos essenciais para esta atividade.

    Em As Origens do Totalitarismo a autora faz um levantamento dos acontecimentos ocorridos na conjuntura totalitária que se instaurava na primeira metade do século XX. Apesar de regimes autoritários terem se alastrado em algumas partes da Europa, foi na Alemanha e na Rússia que realmente se desenvolveu o totalitarismo, sendo representado pelo nazismo e o bolchevismo respectivamente.

    Ao considerar que o conceito de solidão liga- se mais diretamente ao nazismo, me proponho a usar, neste estudo, o regime nazista como centro do fenômeno totalitário. e apontar como a deterioração das relações humanas na Europa deram causa a uma dominação jamais vista, que desfez com tudo constituído até então, demonstrando que tudo era possível, partir da eliminação de todas convenções políticas, sociais e jurídicas do Estado.

    Assim, os governos totalitários passaram a utilizar da ideologia pautada nas leis da natureza e da história a fim de dominar completamente as sociedades, objetivando a criação de uma nova humanidade. A ideologia junto ao terror são os elementos necessários para essa dominação, enquanto a ideologia – a lógica de uma ideia – serve para substituir a realidade, o terror impossibilita a ação humana, retirando a espontaneidade dos sujeitos.

    Com isto, o totalitarismo conseguiu tomar o poder, constituindo sua dominação total ao exterminar a pessoa jurídica, moral e individual das coletividades, como será melhor explorado mais à frente. Portanto, é possível entender que para a autora é através do isolamento dos indivíduos, retirando- os de um contexto plural, tornando- os incapazes de começar algo novo, que o totalitarismo consegue alcançar o poder.

    Portanto, o objetivo ao qual me detenho neste trabalho é o de apresentar o conceito de solidão como principal objetivo totalitário, uma vez que com a eliminação da espontaneidade dos indivíduos, interrompe- se a probabilidade de haver resistência a sua manipulação.

  • CARLOS HENRIQUE ZANATELI SILVA
  • A HERANÇA FILOSÓFICA DE MONTESQUIEU EM THOMAS JEFFERSON NA BUSCA POR UMA AMÉRICA JUSTA

  • Data: 29/03/2022
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  • Montesquieu é um dos filósofos políticos que mais contribuiu para o debate ideológico que acendeu as chamas da revolução americana, principalmente em razão dos estudos políticos propostos na obra O Espírito das Leis [1748]. A especificidade de como são, ou pelo menos deveriam ser, as formas de governo justas, elevaram o conhecimento político de sua época aprimorando o conceito de liberdade e justiça da filosofia clássica, o que deixou claro ao mundo como as leis deveriam ser em uma república ou em uma monarquia. Acusado de se contradizer por defender a possibilidade de liberdade em uma monarquia e repúblicaaristocrática, Montesquieu nunca definiu em sua obra qual seria a melhor forma de se governar, mas tão somente apontou como deveriam ser as regras e os princípios de cada uma das formas de governo. Apontou que a cultura e os costumes de determinado povo devem ser preservados para que a liberdade prevaleça. O objetivo deste trabalho é apontar certa influência de Montesquieu em Thomas Jefferson que foi um dos pilares teóricos da revolução americana. Jefferson bebeu da sabedoria de Montesquieu e, em diversas ocasiões, repudiou as atitudes da Inglaterra durante o inicio dos debates revolucionários (1774-1776). O americano apontou diversos crimes da monarquia inglesa, aproveitando a teorização de Montesquieu acerca da monarquia justa, e apontando como a Inglaterra agia contra a própria constituição em desfavor dos americanos, o que, por si só, legitimava os oprimidos a refutarem o despotismo sedimentado nas colônias americanas. Pode-se concluir que Montesquieu reverberou na fundamentação teórica da revolução americana, pois as reivindicações de Jefferson apelavam, basicamente, aos fundamentos do Estado justo, conforme apontado por Montesquieu, visando preservar a liberdade política do povo e a moderação do governo. Nesse sentido é significativa a redação, por Jefferson, da constituição republicana da Virginia de 1776, cuja leitura e interpretação, todavia, devem ser feitas em conjunto com a declaração de independência americana, na qual Jefferson não se pronuncia a favor de nenhuma forma específica de governo para os futuros Estados Unidos da América. Assim, foi possível mostrar que Jefferson oscila entre uma visão monarquista e uma visão republicana durante os anos de 1774-1776, fundamentando-se tal transição de pensamento e posicionamento ideológico, principalmente, na obra de Montesquieu.

  • TIAGO APARECIDO FREIRE
  • O CONHECIMENTO DA VERDADE NO "CONTRA OS ACADÊMICOS" DE AGOSTINHO.

     

  • Data: 23/03/2022
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  • Nossa pesquisa tem como objeto de análise as condições de verdade no “Contra os Acadêmicos” de Agostinho. A despeito do ceticismo acadêmico, o filósofo sustentará a tese a favor da possibilidade do conhecimento da verdade, tendo como ponto de partida uma refinada crítica ao próprio exercício do ceticismo praticado na Academia. Com efeito, para se colocar numa posição favorável ao conhecimento da verdade, o autor assume que, no próprio desejo de conhecer, já está contida a possibilidade de um conhecimento verdadeiro acerca do mundo. Assim, ao assumir a hipótese da busca pelo conhecimento como uma hipótese indubitavelmente válida, Agostinho assume, no “Contra os Acadêmicos”, a certeza da possibilidade do conhecimento da verdade como parâmetro de toda noção de verdade.

  • PABLO RUIZ ANDRADE ROSSI
  • SOBRE O MÉTODO GENEALÓGICO DE FOUCAULT A PARTIR DA GENEALOGIA NIETZSCHIANA

  • Data: 31/01/2022
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  • A presente dissertação tem como objetivo apresentar a perspectiva genealógica de Foucault, com base em seus escritos acerca da genealogia de Nietzsche. Tendo como principal ponto de apoio o texto intitulado Nietzsche, a genealogia e a história, o trabalho consiste, num primeiro momento, em acompanhar de perto as problematizações proferidas pelo filósofo francês nas partes I,II, III e IV do texto em questão. Desta forma, será feita uma análise  a respeito de como Foucault problematiza a utilização de variados vocábulos em alemão que se referem a uma noção de origem por parte de Nietzsche e suas implicações para o trabalho genealógico. No segundo momento, serão analisadas as partes V,VI e VII, nas quais Foucault debate a relação da genealogia com a história, com base nos três usos do saber histórico propostos por Nietzsche na Segunda Consideração Extemporânea.

     
  • PAULO DE TARSO MENEGON MAGALHÃES DE CASTRO
  • HUSSERL E A FUNDAMENTAÇÃO DAS CIÊNCIAS: DA LÓGICA PURA À FENOMENOLOGIA NOÉTICA.

  • Data: 31/01/2022
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  • A presente pesquisa pretende acompanhar a articulação de dois momentos da fenomenologia
    de Husserl: da lógica pura à fenomenologia noética. Num primeiro momento, deter-nos-emos
    nos Prolegômenos onde o filósofo, em duelo com o psicologismo, procura fazer a
    fundamentação e a doutrina da ciência para se alcançar a essência da lógica. Depois disso,
    investigaremos as condições de possibilidade científicas do conhecimento na lógica e da
    noética, questões também enfrentadas nesta obra. Mediremos aí as fronteiras da lógica pura e
    do conhecimento noético que abrem as portas à primeira fenomenologia. Para tanto,
    buscaremos elucidar as implicações entre objetividade lógica e subjetividade das vivências
    enquanto experiência da verdade e veremos ainda como é que, já neste primeiro momento,
    Husserl rejeita o psicologismo lógico como fundamentação do conhecimento. Finalmente,
    apresentaremos as tarefas da lógica, principalmente a tarefa fenomenológica de origem dos
    conceitos. Simultaneamente, procuraremos pela cientificidade da fenomenologia, fazendo a
    passagem para o segundo volume das Investigações lógicas. Aí o filósofo anatematiza a
    atitude objetivista e psicológica do conhecimento científico em benefício da atitude
    fenomenológica. Faremos ver como é que essa cientificidade se dará na Quinta investigação
    lógica a partir da consciência intencional e na primeira redução eidética, que é
    fenomenológico-descritiva. A partir desta premissa geral, deveremos buscar como é que esta
    nova ciência se formará a partir de camadas mais superficiais e não-intencionais até as
    camadas intencionais essenciais. Será também nosso propósito juntar os problemas científicos
    husserlianos aos nossos questionamentos, dentre outros: se seriam as doutrinas
    fenomenológicas das Investigações a própria doutrina da ciência e se a fenomenologia noética
    é ou não é psicologia descritiva.

2021
Descrição
  • CLICIÉLE ROSA SANTOS
  • UMA RENDA BÁSICA RESOLVE O PROBLEMA DA POBREZA? AMARTYA SEN, PHILIPPE VAN PARIJS E A CARESTIA CONTEMPORÂNEA.


  • Data: 16/12/2021
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  • A pobreza é um problema multidimensional e por isso qualquer trabalho que pretenda discutir seus efeitos não pode se abster de buscar uma compreensão mais abrangente sobre os vários aspectos que a compõe. A primeira parte do presente trabalho busca compreender como uma renda baixa pode resultar em distintos problemas subjetivos, desde a ausência de autonomia até o modo pejorativo como o indivíduo pobre é visto pelo restante da sociedade e, por conseguinte, sua dificuldade adicional de elevar sua autoestima. Isto nos aproxima da definição de pobreza proposta pelo filósofo e economista indiano Amartya Sen, definição esta que vai além do aspecto econômico e considera a pobreza como falta de liberdade individual, como ausência de capacidades. Contudo, Sen entende a importância de uma base material nesse processo de aumento da autonomia individual. Para ele, as políticas públicas de combate à pobreza precisam não só satisfazer as necessidades mais básicas dos atendidos, mas também possibilitar que os beneficiários desenvolvam novas capacidades. Entretanto, receber um benefício focado resulta na estigmatização dos atendidos por tais programas. A partir disso, é possível pensar como a distribuição de renda de modo universal e incondicional eliminaria a estigmatização que recai sobre aqueles que dependem de assistência social, pois tal estigmatização não existiria se a renda fosse garantida como um direito universal. Assim, a segunda parte de nossa pesquisa expõe a proposta de Renda Básica de Philippe Van Parijs que defende que uma renda básica seja distribuída de forma incondicional para alcançarmos uma sociedade mais justa e mais livre. Isto posto, a parte final da pesquisa buscará discutir em que medida a Renda Básica defendida por Van Parijs contribui para a eliminação da pobreza em sentido mais amplo, como proposto por Sen. Buscaremos demonstrar que, como nos parece, por mais importante que seja no combate à pobreza, uma renda básica sozinha é insuficiente para a completa erradicação desse problema. A proposta de uma renda básica universal só é efetiva no combate à pobreza quando combinada com a garantia de serviços básicos ofertados pelo Estado.

  • ISABELA BETINA FERREIRA
  • CRENÇA E TABU NO PENSAMENTO FREUDIANO: OS LUGARES DA PROIBIÇÃO DO INCESTO E DA RELIGIÃO NA CONSTRUÇÃO DO PSIQUISMO

  • Data: 25/11/2021
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  • Esta pesquisa tem como finalidade analisar se seria possível a proibição do incesto ter uma construção psíquica a partir da teoria freudiana. Em suas obras, Freud deixa claro que a proibição do incesto é uma das bases para se viver em cultura, porém, essa proibição culturalmente parece se vincular a crenças religiosas, ou seja, a cultura teria origem a partir de um fato que favorece a religião. Como em sua obra "O futuro de uma ilusão", de 1927, Freud aposta na possibilidade de nos desvencilharmos da religião preservando a cultura, alcançamos o seguinte problema: a proibição do incesto poderia, nos termos do próprio Freud, se articular no psiquismo sem implicar crença religiosa? Seria possível sustentar, de uma maneira interna ao pensamento freudiano, a possibilidade da constituição da cultura sem que ela implique a consequência da fé religiosa?

  • PHILIPPE AUGUSTO CARVALHO CAMPOS
  • O PROJETO DE CRÍTICA DA IDOLOGIA DE SLAVOJ ZIZEK.

  • Data: 17/06/2021
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  • O tema da crítica da ideologia tem sua gênese em Marx e Engels. Num segundo momento da matéria, encontramos a Escola de Frankfurt. Vê-se atualmente o ressurgimento do assunto na obra do filósofo esloveno Slavoj Zizek. A partir do diagnóstico de Peter Sloterdijk de que viveríamos numa época pós-ideológica, Zizek pretende recuperar a crítica da ideologia lançando mão da psicanálise lacaniana e de uma releitura de Hegel para, assim, voltar ao tema marxista. Nesse trabalho traçamos as linhas gerais de como o autor constrói seu projeto, tendo por base aspectos da Escola de Frankfurt, a concepção de ideologia de Althusser, o conceito de abstração real de Sohn-Rethel e o teatro ideológico dos totalitarismos do século XX. A partir daí, nos voltamos ao modo como Zizek elabora o conceito de ideologia desde a construção de seu objeto e do conceito de fantasia, ambos derivados da psicanálise lacaniana. Feito isso, passamos propriamente ao conceito de crítica da ideologia, para tanto, nos debruçamos sobre o modo como o autor concebe o sujeito, derivado de Hegel e, também, da psicanálise lacaniana.

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