DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE LINHAGENS ELITES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS COM BASE EM ASPECTOS FENOTÍPICOS E MOLECULARES
Oryza sativa L; variabilidade genética; microssatélites (SSR).
O arroz (Oryza sativa) é um dos cereais mais cultivados e consumidos mundialmente. No
Brasil, para enfrentar o desafio de manter a produção de grãos de arroz, o melhoramento
genético se destaca como uma das estratégias mais eficazes. A variabilidade genética
corresponde a matéria-prima para que os melhoristas realizem as seleções em programas de
melhoramento. Além disso, o conhecimento dessa, permite o posicionamento com maior
precisão de linhagens contrastantes e complementares para a realização de blocos de
cruzamentos. Assim, objetiva-se identificar a diversidade genética existente entre as linhagens
elites do Programa de Melhoramento Genético de Arroz de Terras Altas da Universidade
Federal de Lavras (UFLA). Ao todo, nos ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) incluindo
as safras 2023/2024 e 2024/2025, foram avaliadas 27 linhagens, cuja caracterização envolveu
análises fenotípicas e moleculares. Para as análises fenotípicas, os experimentos foram
conduzidos em dois locais durante a safra 2023/2024, sendo eles: Lambari/MG e Patos de
Minas/MG. Já na safra 2024/25, foi conduzido apenas no munícipio de Lavras/MG. O
delineamento utilizado foi de blocos casualizados (DBC) com três repetições, e as parcelas
foram constituídas por cinco linhas de 4 m, com espaçamento de 0,25m e densidade de
semeadura de 90 sementes/m. Durante a realização dos ensaios foram avaliadas as seguintes
características: número de dias até o florescimento (DEF), produtividade de grãos (kg.ha -1 ),
altura de plantas (cm), renda e rendimento de grãos inteiros. Os dados gerados foram
submetidos a análise conjunta, e analisados utilizando a abordagem de modelos mistos, e foi
possível estimar as médias BLUPs para predizer os desempenhos dos genótipos, por meio do
software R. Para as análises moleculares, as 27 linhagens foram cultivadas em bandejas em
casa de vegetação na UFLA até o estágio adequado para coleta foliar. A extração de DNA foi
realizada no Laboratório de Genética Molecular da UFLA e alíquotas foram encaminhadas ao
Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Arroz e Feijão para amplificação por PCR em três
painéis multiplex de microssatélites (SSR), cada um contendo oito marcadores moleculares
distintos. A genotipagem foi conduzida por eletroforese capilar no sequenciador 3500xL,
seguida da análise dos fragmentos pelo software GeneMapper. Os dados foram processados e
interpretados utilizando o software R. Dos 24 marcadores microssatélites (SSR) inicialmente
utilizados, 22 apresentaram amplificação satisfatória e foram empregados para a genotipagem
das 27 linhagens. Foram detectados um total de 81 alelos, com variação de 1 a 7 alelos por
locus, resultando em uma média de 3,68 alelos por marcador. A heterozigosidade observada
(0,13) foi inferior a esperada (0,45), e o coeficiente de endogamia elevado (0,72), indicando a
presença de uma grande quantidade de locos em homozigose. Por fim, destaca-se a
variabilidade existente entre as linhagens elites avaliadas, sendo possível agrupá-las em
grupos genéticos distintos de acordo com os dados de dissimilaridade, permitindo selecionar
genitores complementares e contrastantes para gerar blocos de cruzamento, e guiar tomada de
decisões futuras no programa MelhorArroz com maior eficiência. Além disso, por meio
desses experimentos foi possível identificar e selecionar linhagens promissoras e adaptadas as
condições edafoclimáticas do estado de Minas Gerais, que associam características
agronômicas de interesse para maior inserção do arroz de terras altas no sistema de produção.