Análise do transcriptoma do patossistema feijoeiro-antracnose indica proteínas associadas à patogenicidade
Sequenciamento de RNA; expressão gênica; virulência.
A antracnose, causada por Colletotrichum lindemuthianum, representa uma das doenças mais severas do feijoeiro-comum (Phaseolus vulgaris), ocasionando grandes perdas de produtividade em diversas regiões produtoras. Uma vez que esse patógeno é caracterizado pela alta variabilidade e capacidade de suplantar os mecanismos de defesa da planta, torna-se fundamental compreender em nível molecular o processo de infecção para o desenvolvimento de estratégias de controle mais eficientes e duradouras. Nesse sentido, o presente trabalho teve como ojetivo investigar as bases moleculares do processo infeccioso causado pela raça 65 do patógeno em genótipos contrastantes de feijoeiro (Ouro Vermelho, resistente, e BRS Estilo, suscetível), por meio da análise do transcritoma fúngico em série temporal (0, 48 e 96 hpi), via RNA-seq. A identificação e caracterização dos genes diferencialmente expressos, associadas à análise de categorias funcionais fundamentais para a patogenicidade, possibilitaram inferências sobre as estratégias adaptativas empregadas pelo fungo durante o processo infeccioso. Observou-se que genes relacionados à virulência apresentaram expressão sustentada apenas na cultivar suscetível. Assim, os resultados obtidos reforçam o modelo de transição biotrófico–necrotrófica em Colletotrichum, no qual a manutenção da atividade efetora é essencial para a colonização bem-sucedida do hospedeiro. De modo geral, os achados fornecem subsídios moleculares para o entendimento da patogenicidade de C. lindemuthianum e indicam alvos potenciais para o melhoramento genético visando à resistência durável do feijoeiro à antracnose.