Angústia: uma discussão entre presença e ausência
Angústia, Recalque, Objeto a, Freud, Lacan.
Esta dissertação, em seu primeiro momento, dedica-se ao resgate dos textos iniciais de Sigmund Freud em busca das origens de sua primeira teoria da angústia. Ao desenvolver o aparelho psíquico, Freud considerava que a angústia, enquanto afeto ou manifestada em alguma patologia, surgia como resultado das ações do recalque, mecanismo de defesa, por impedir que a libido se conecte a uma representação. No percurso da teoria da angústia, Freud elabora as categorias de neurose de angústia, neuroses atuais, histeria de angústia e fobia como algumas classificações de patologias que tivessem a angústia como elemento. O segundo momento do texto traz a conceituação dos termos que compõem o aparelho psíquico e o destaque para o funcionamento do recalque que seria, na primeira teoria da angústia, o que possibilitaria a angústia. A segunda teoria da angústia em Freud resulta do desenvolvimento teórico que propõe uma reformulação da leitura do aparelho psíquico, apresentando as instâncias Eu, Super-eu e Isso, que incrementam a primeira proposta do aparelho psíquico (Inconsciente, Pré-consciente, Consciente). Na segunda teoria da angústia, na medida que a reformulação do aparelho psíquico acontece, é possível identificar uma modificação na função do recalque. Por fim, para trabalhar a relação da angústia com as possíveis ausência ou presença de um objeto, inserimos a leitura de Jacques Lacan sobre o tema da angústia. Para Lacan, a angústia não é sem objeto, afirmação que antagoniza a posição de Freud, pautada pela referência da angústia à ausência de objeto. O desenvolvimento de Lacan sobre a angústia e sua relação com o objeto lhe permitiu encontrar a noção de gozo – jouissance – e desenvolver a teoria do desejo com base na reflexão sobre o objeto da angústia. Através do desenvolvimento da teoria da angústia, Lacan apontaria os caminhos de uma possível articulação entre gozo, angústia e significante.