Fusarium stilboides: patógeno ou saprófito do cafeeiro no Brasil?
Coffea arabica, Coffea canephora, taxonomia, nutrção mineral
O café é um dos principais produtos de exportação do Brasil, tendo como principais espécies cultivadas a Coffea arabica, sobretudo as variedades ‘Catuaí’ e ‘Mundo Novo’ e a C. canephora, com as variedades ‘Robusta’ e ‘Conilon’. Recentemente, em cafeeiros da variedade ‘Conilon’, no Espírito Santo, foram encontrados sintomas de rachaduras, escurecimento do tecido vascular, clorose de folhas, murcha e seca em plantas. Associados a esses sintomas, já foram encontradas na literatura as espécies Fusarium decemcellulare, F. lateritium e F. solani, entretanto, tais sintomas também são similares aos causados por F. stilboides, patógeno recorrente em cafezais africanos e conhecidamente endofítico em frutos de C. arabica em Minas Gerais. Porém, essas novas evidências também podem associá-lo como possível patógeno do cafeeiro no Brasil, aumentando o número de espécies associada aos sintomas. Ademais, as atuais condições de cultivo, em solos de baixa fertilidade, com textura arenosa, altas temperaturas, irrigação constante e adubações excessivas com o macronutriente nitrogênio podem causar várias alterações morfológicas, dentre elas, o supercrescimento de vários órgãos na planta, favorecendo rachaduras ou aberturas do córtex, ou seja, pontos de infecção para fitopatógenos. Diante dessa hipótese, o trabalho justifica-se em identificar se F. stilboides é o agente causal dos sintomas de cancro, seca e morte de cafeeiros conilon e arábica por meio de estudos taxonômicos (morfologia), moleculares (filogenia) e experimentais (Postulado de ‘Koch’) a partir de amostras de café com os sintomas descritos, além de realizar experimentos em casa de vegetação com isolados de Fusarium em doses crescentes de nitrogênio e potássio, tanto em C. arabica quanto em C. canephora. A partir do conhecimento obtido, será possível realizar estudos epidemiológicos, visando o manejo adequado dos cafezais do Espírito Santo.