FRASS OF YELLOW MEALWORM IN THE CONTROL OF DISEASES COMPLEX CAUSED BY Fusarium oxysporum AND Meloidogyne incognita IN TOMATO
Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raça 3; Meloidogyne incognita raça 1; promoção de crescimento de plantas; supressividade.
Os fungos causadores de murchas vasculares como as espécies do complexo Fusarium oxysporum e os fitonematoides causadores de galhas radiculares Meloidogyne spp. estão entre os patógenos de importância à agricultura brasileira e mundial. Esses patógenos causam significativa redução na produtividade da maioria das culturas agrícolas de importância econômica ou de subsistência. Em condições de altas populações na área de cultivo podem acarretar o abandono da atividade agrícola. A incorporação de resíduos orgânicos no solo apresenta vários efeitos benéficos em longo prazo. Dentre esses efeitos incluem: sequestro de carbono, incremento da população microbiana, capacidade de retenção de água, redução da densidade do solo, maior oferta de nutrientes, maior quantidade de nitrogênio orgânico, e menor taxa de degradação e lixiviação de nitrogênio. Os resíduos orgânicos podem atuar sobre patógenos diretamente por meio da liberação de compostos tóxicos produzidos durante a decomposição, e/ou indiretamente pelo estímulo de populações de microrganismos antagonistas do solo e indução de resistência sistêmica nas plantas. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a eficiência do resíduo da larva de Tenebrio molitor sobre sobre Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raça 3 e Meloidogyne incognita raça 1. Avaliou-se a fitotoxicidade do resíduo em condições controladas na produção de mudas de tomateiro e seu efeito na promoção de crescimento de plantas. O efeito do extrato aquoso foi avaliado in vitro sobre o crescimento micelial e a germinação de microconídios de Fol 3, e sobre a eclosão, mobilidade e mortalidade de J2 de M. incognita. Também, avaliou-se o efeito in vitro de compostos voláteis emitidos pelo resíduo sobre o crescimento micelial de Fol 3, e sobre a eclosão, mobilidade e mortalidade de J2 de M. incognita. A supressividade do resíduo foi avaliada sobre Fol 3 em condições controladas e sobre M. incognita em condições de campo, em tomateiro. Não houve toxicidade às mudas de tomateiro quando se incorporou o resíduo ao solo por 20 dias. Nesse período o peso das plantas foi diretamente proporcional com as concentrações crescentes do resíduo. A menor concentração do extrato aquoso (10%) reduziu em 84,32% a germinação de microconídios de Fol 3 após 6 horas de incubação. O crescimento micelial do fungo foi incrementado com as concentrações crescentes do extrato aquoso. A mobilidade de J2 de M. incognita foi reduzida em 93,0% com a menor concentração do extrato (10%) após 24 horas de incubação. A concentração de 10% do extrato apresentou eficiência de 79,8% sobre a mortalidade de J2 após 96 horas de incubação. A eclosão de J2 foi reduzida em 86,3% com a concentração de 10% do extrato após 10 dias de incubação. Sobre os compostos voláteis emitidos pelo resíduo, a menor concentração (1%) reduziu o crescimento micelial de Fol 3 em 18,2% após 5 dias de exposição. A mobilidade de J2 foi reduzida em 90,9% com a concentração de 1% do resíduo após 24 horas de exposição. Na concentração de 1% do resíduo houve efeito nematicida sobre os J2 de 85,5% após 48 horas de exposição. A eclosão de J2 foi reduzida em 97,3% com a concentração de 1% do resíduo após 10 dias de exposição. Sobre a avaliação de supressividade em condições controladas, a concentração de 5% do resíduo reduziu em 17,8% a severidade externa da murcha-de-fusarium no tomateiro, representada pela área abaixo da curva de progresso da doença (AUDPC). Houve incremento sobre a fotossíntese (69,3%), a eficiência do uso da água (252,3%) e a biomassa aérea e radicular (328,5%) com a concentração de 5% do resíduo. Na avaliação de supressividade em condições de campo, a maior redução da população de J2 do fitonematoide no solo (87,6%) foi apresentada pela concentração de 5% do resíduo. Houve maior redução de galhas (24,0%) e de ovos + J2 (57,0%) no sistema radicular do tomateiro utilizando a concentração de 5% do resíduo. Observou-se incremento de biomassa aérea e radicular com as concentrações crescentes do resíduo, com redução dos danos fisiológicos desencadeados pelo fitonematoide. A produtividade do tomateiro foi incrementada em até 136,1% com a concentração de 5% do resíduo. Este é o primeiro estudo relacionando o resíduo da larva e T. molitor e seu efeito supressivo a fitopatógenos, Fol 3 e M. incognita. A incorporação e incubação do resíduo ao solo disponibiliza maior quantidade de nutrientes disponíveis às plantas, promovendo seu crescimento e desenvolvimento, sem ocasionar fitotoxidez. Além disso, o resíduo contém uma microbiota que pode desempenhar vários papéis ecológicos para o crescimento de plantas quando está é incorporada ao solo, como a produção de sideróforos, do fitohormônio auxina e a fixação de nitrogênio. No resíduo, também é encontrado a quitina, importante polímero que desempenha várias funções na agricultura. Oligômeros de quitina provenientes da degradação enzimática da quitina pelos microrganismos possivelmente estão contidos no extrato aquoso do resíduo. Esses oligômeros e outros compostos tóxicos, voláteis ou não, estão envolvidos na redução da mobilidade, aumento da mortalidade e redução da eclosão de J2 de M. incognita, além da redução do crescimento micelial e da germinação de microconídios de Fol 3. Combinações de vários mecanismos provavelmente estão envolvidos na supressividade aos patógenos pelo resíduo da larva de T. molitor.