Hábitos alimentares desenvolvidos na infância podem se perpetuar ao longo da vida. O uso de distratores durante as refeições tem sido associado ao aumento do consumo alimentar, sobrepeso e obesidade em adultos. O presente estudo teve como objetivo avaliar a influência do uso de distratores durante as refeições sobre a ingestão calórica de crianças e adolescentes. Realizou-se uma revisão sistemática da literatura seguindo as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analysis). O protocolo do estudo foi registrado na base PROSPERO (International Prospective Register of Systematic Reviews) sob número CRD42021259946. A estratégia PICOS (Population, Intervention, Comparison Group, Outcome, Study desing) foi utilizada e consistiu na avaliação de estudos envolvendo crianças e adolescentes (P), expostos a distratores durante as refeições (I), em comparação com nenhuma distração (C) e o desfecho foi a ingestão calórica (O) avaliada por meio de estudos crossover ou ensaios clínicos randomizados - ECR (S). As buscas foram realizadas nas bases de dados PubMed, Scopus, Web of Science, Cochrane, Proquest, Embase e LILACs. O risco de viés foi avaliado utilizando a ferramenta Risk of Bias 2 (RoB 2). O nível de evidência foi determinado pelo GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation). Foram retornadas 9.576 referências (sem duplicatas). Quarenta e três artigos foram selecionados para a leitura na íntegra, permanecendo treze com base nos critérios de elegibilidade. Destes, cinco estudos eram crossover e oito ECR. Os voluntários avaliados nos estudos apresentavam entre 3 e 17 anos de idade. Todos os estudos avaliaram a TV como distrator, porém dois artigos também avaliaram a influência da música e da alimentação em grupos. A maioria dos estudos apresentou risco de viés moderado a alto. Na análise qualitativa, oito estudos (61%) não indicaram influência do uso de distratores durante as refeições experimentais sobre a ingestão calórica, enquanto três encontraram aumento (23%). A meta-análise de ECR também não indicou diferença significativa na ingestão calórica ao comparar refeições com e sem TV (MD = 0,05; IC 95% -0,13 - 0,23), com nível de evidência baixo pelo GRADE. Em conclusão, não houve influência do uso de distratores (especialmente TV) durante as refeições experimentais controladas sobre a ingestão calórica de crianças e adolescentes.

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