Caracterização de genótipos de batata-doce para processamento industrial em função de diferentes épocas de colheita
Ipomoea batatas; produção; qualidade; época de colheita; indústria
A batata-doce é uma cultura estratégica para a segurança alimentar e o desenvolvimento agrícola, com crescente importância econômica no Brasil. Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de caracterizar genótipos de batata-doce para processamento industrial em diferentes épocas de colheita. Os experimentos foram conduzidos no Campo Experimental do Centro de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia (CDTT/UFLA), localizado em Ijaci-MG, adotando-se um arranjo fatorial 15x3x2. Foram avaliados 15 genótipos, sendo 10 experimentais (UFLA 1404, UFLA 286, UFLA 1192, UFLA 1074, UFLA 397, UFLA 1377, UFLA 527, UFLA 210, UFLA 516 e UFLA 1476) e 5 cultivares comerciais (UFLA R1440, UFLA B556, BRS Rubissol, BRS Amélia e BRS Cotinga), em três épocas de colheita (90, 120 e 150 dias após o plantio - DAP). Os experimentos foram instalados nos anos de 2023 e 2024. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com três repetições. Cada experimento foi conduzido em duas etapas: na primeira, em campo, foram avaliadas a produtividade comercial de raízes (PCR), a produtividade de massa seca das raízes comerciais (PMSRC), o teor de massa seca das raízes comerciais (MSRC), a massa média de raízes comerciais (MMRC) e o formato de raiz. Na segunda etapa, conduzida em laboratório, realizou-se a análise centesimal das raízes coletadas em campo, determinando-se os teores de umidade, massa seca, proteína bruta, cinzas, lipídeos, fibra bruta, extrato não nitrogenado, sólidos solúveis totais, amido e minerais. A análise dos dados foi realizada no software R, utilizando modelos lineares mistos (MLM) para regressão e BLUPs (Best Linear Unbiased Predictions) para a predição dos melhores genótipos. Os resultados revelaram variabilidade genética significativa e interações entre genótipos, épocas de colheita e anos de cultivo. A cultivar UFLA R1440 e os genótipos UFLA 1404 e UFLA 1192 destacaram-se em produtividade comercial de raízes (PCR). A cultivar UFLA R1440 e os genótipos UFLA 1404, UFLA 397 e UFLA 1192 apresentaram maiores valores de produtividade de massa seca (PMSRC). Para massa média de raízes comerciais (MMRC), sobressaíram as cultivares UFLA R1440 e UFLA B556, além do genótipo UFLA 1192. No formato de raízes, destacaou-se o genotipo UFLA 516 e a cultivar BRS Cotinga. Quanto ao teor de massa seca das raízes comerciais (MSRC), os melhores desempenhos foram observados nos genótipos UFLA 1404, UFLA 527 e UFLA 1377, bem como nas cultivares BRS Cotinga, UFLA B556, UFLA R1440 e BRS Amélia. Para lipídeos, destacou-se o genótipo UFLA 210; e para sólidos solúveis, o genótipo UFLA 1192. Entre os minerais, o genótipo UFLA 1192 apresentou maiores teores de N, P e Zn; UFLA 1074 destacou-se em N; UFLA 1377 em K, Ca, S, B e Mg; UFLA 1476 em Ca e Mg; UFLA 286 em Ca, S e B; e a cultivar BRS Cotinga em Ca. As correlações genotípicas mais relevantes foram observadas entre amido x MSRC e MSRC x PCR, reforçando a associação positiva entre teor de massa seca e produtividade. Esses resultados indicam que a cultivar UFLA R1440 e os genótipos UFLA 1404 e UFLA 1192 reúnem atributos produtivos e qualitativos desejáveis, revelando elevado potencial tanto para uso industrial quanto para o consumo in natura.