Processos educativos de crianças em um terreiro do Sul de Minas: olhares dos líderes e familiares
Pedagogias do Terreiro; Infâncias; Preconceito Racial; Negritude.
A presente pesquisa examina o terreiro Castelo de São Jorge Nagô, localizado em Lavras, Minas Gerais, como um espaço pedagógico potencial, considerando as perspectivas de líderes e famílias frequentadoras. Fundamentada em teóricos dos estudos culturais, como Stuart Hall, e em autores decoloniais e pós-coloniais brasileiros, a investigação problematiza o racismo estrutural e a colonialidade como condicionantes da invisibilização de saberes afro-brasileiros no contexto educacional e cultural. O método de pesquisa é baseado na bricolagem, conforme delineado por Kincheloe e Steinberg (2007), que propõe uma abordagem metodológica flexível e múltipla. Nesse sentido, utilizou-se uma imersão inspirada na etnografia pós-estruturalista, com registros em imagens e diário de campo, além de análise de conteúdos das redes sociais do terreiro e matérias na mídia local, complementada por entrevistas conduzidas sob a perspectiva da história oral, objetivando compreender as experiências vividas pelos participantes em sua totalidade. Os resultados, estruturados em cinco capítulos, discutem inicialmente o impacto do racismo e do epistemicídio como forças de apagamento das epistemologias afro-brasileiras. No segundo capítulo, explora-se a construção da identidade preta e a força do coletivo enquanto resistência sociocultural. O terceiro capítulo foca na infância no terreiro, evidenciando as formas como as crianças vivenciam e ressignificam suas heranças culturais e ancestrais. O quarto capítulo examina a pedagogia inerente às práticas do terreiro, com ênfase em seu potencial formativo e em seus processos de ensino e aprendizado não formal. Por fim, o quinto capítulo analisa as interfaces entre as práticas pedagógicas do terreiro e a educação formal, contribuindo para reflexões sobre uma educação antirracista e intercultural. Ao posicionar o terreiro como um espaço de resistência e de formação identitária, esta pesquisa amplia o debate sobre a importância de contextos não hegemônicos na construção de um saber plural e descolonial.