INDUÇÃO À DOCÊNCIA NO CICLO DA ALFABETIZAÇÃO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Professor Iniciante. Alfabetização. Indução de Professores. Formação de Professores.
Este estudo teve como objetivo identificar os elementos facilitadores da inserção docente assistida por uma experiência de indução institucionalizada, bem como os enfrentamentos resistentes ou intangíveis à proposta desenvolvida, a partir da percepção de um grupo de 10 professoras iniciantes. O trabalho se inseriu como subprojeto de uma iniciativa coordenada de pesquisa sobre formação de professores, práticas de ensino e didática e se desenvolveu, especificamente, a partir da investigação acerca da indução de professores, delimitando como seu universo o ciclo da alfabetização. Referenciais teóricos revelaram lacunas de pesquisa referentes a experiências exitosas de indução e às necessidades de aprofundamento acerca da docência na área do ensino da linguagem escrita. A metodologia adotada foi a abordagem qualitativa de base empírica que considerou como procedimentos a revisão da literatura e a coleta de dados obtida em questionário e em grupos de discussão. O processamento dos dados obtidos foi tratado por triangulação mediante a Análise de Prosa. A análise dos dados evidenciou que o acolhimento, intencionalmente planejado, aos professores iniciantes foi determinante para o desenvolvimento das primeiras semanas de trabalho, sobretudo no enfrentamento das salas de aula; que as escolas que realizaram o acompanhamento sistemático dos profissionais apresentaram professores mais satisfeitos e emocionalmente mais sustentados; que o retorno circunstanciado (feedback) é crucial ao bem-estar do docente iniciante; que professores alfabetizadores se espelham em pares experientes; que a interação com as famílias compreende um conjunto de habilidades socioemocionais para as quais a aprendizagem do iniciante demanda tempo e experiência e que nos espaços aonde a indução não aconteceu de modo institucionalizado sobressaíram modalidades de assistência indireta, por afinidade. Como demandas emergentes, ressaltaram-se a inclusão, no tocante à uma didática de ensino que atenda aos estudantes com dificuldades de aprender e o impacto das mídias digitais no ensino e o tratamento dado a elas, assim como a elaboração de mecanismos que envolvam o ensino na perspectiva dos nativos digitais. Depreendeu-se dos resultados apresentados que o ensino no ciclo da alfabetização possui distintivos que interferem no processo de iniciação docente e que lhes são intervenientes de identidade, uma vez que a aprendizagem da leitura e da escrita está imersa na concepção de linguagem como elaboração cultural de alto valor social agregado. Nesse sentido, professores alfabetizadores iniciantes demandam acolhida e assistência institucional e formativa que lhes permitam desenvolver conhecimentos especializados produzidos coletivamente em espaços horizontalizados de formação em contexto, quando se pensa em uma educação qualificada e humanizadora.