Traços de pesquisa no cotidiano docente: os horários pedagógicos como oportunidade de estudos
Pesquisa do professor. Condição docente. Minas Gerais.
O presente trabalho objetivou discutir a possível articulação entre teoria e prática através da pesquisa na jornada de trabalho de professores dos anos finais do ensino fundamental. Baseado no entendimento de Demo da pesquisa como atitude cotidiana, o estudo foi realizado em duas escolas da Rede Estadual de Lavras-MG, durante os tempos extra-aulas e durante as reuniões pedagógicas. Conhecemos como os professores se dedicam a seus estudos e pesquisas fora das aulas, tanto no tempo extra-aula, como as reuniões pedagógicas e as condições que favorecem ou impossibilitam estudar e fazer pesquisas na escola, entendendo-as como atitudes primordiais para melhoraria da prática. Justificamos a necessidade de apoiar a formação continuada de docentes dentro da escola. Olhamos para professores que atuam no âmbito de uma disciplina, que é o que acontece nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio que têm situação semelhante. No entanto docentes dos anos iniciais e da educação infantil são diferentes, visto que, em geral, não se dedicam a uma disciplina somente, e têm uma permanência maior junto a estudantes de uma só turma. Também a organização do tempo durante a semana é diferente para cada um desses dois grupos. A pesquisa no ambiente da educação básica não pode ocorrer nos mesmos moldes da pesquisa universitária porque as condições estruturais e materiais são diferentes. Trata-se de um estudo de caso descritivo na abordagem qualitativa, com pesquisa de campo. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas e de observações das reuniões pedagógicas com, aproximadamente, 20 professores dos anos finais do Ensino Fundamental. Encontrando nas reuniões pedagógicas uma oportunidade para estudos coletivos, a experiência relatada nos leva a concluir que é possível estudar e pesquisar na escola, articulando teoria e prática através da pesquisa cotidiana, tornando esta um hábito desejado e compartilhado. Mas para que o tempo para estudos, instituído em lei, seja melhor aproveitado, destacamos algumas observações importantes através deste trabalho: dizer a todas as pessoas qual é esse tempo e negociar sobre como será utilizado; organizar estudos coletivos com pauta para cada dia de encontro; basear estudos em problemas emergentes. Ainda que docentes se organizem e se dediquem a estudar, apontamos a necessidade de apoio do grupo gestor na escola e de dirigentes das secretarias de ensino, de forma democrática com um olhar para as subjetividades e pessoas, cuidando também dos recursos materiais necessários de modo que a pesquisa do professor seja tratada como atitude cotidiana incluída na carga de trabalho.