O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM CONFORMAÇÃO REMOTA: O QUE REVELA O PROGRAMA DE ESTUDO TUTORADO?
Regime de Especial de Atividades não Presencial (REANP); Plano de Estudos Tutorado (PET); Educação Física; Prática Pedagógica.
O ano de 2020 foi marcado pela pandemia do COVID-19. O isolamento e distanciamento social como forma de desacelerar a transmissão do vírus impactaram diretamente o processo educativo de todo o mundo, já que as escolas tiveram de ser fechadas. No Brasil, assim como em outros países, adotou-se o ensino remoto como medida alternativa para o cumprimento das atividades escolares. No estado de Minas Gerais instituiu o Regime Especial de Atividades não Presenciais (REANP), organizado ao abrigo de algumas propostas, a saber: uma plataforma digital (Estude em Casa); um aplicativo (Conexão Escola); um programa televisivo (Se liga na Educação); e o Plano de Estudos Tutorados (PET), sendo o último o principal instrumento pedagógico no contexto remoto, em virtude de que sua execução e devolutiva “lidimavam” a carga horária dos sujeitos do processo educativo. À vista da relevância desse artefato pedagógico (leia-se PET) para o trabalho docente e a formação escolar, empreendemos uma investigação (científica) cujo fito central consiste em escrutinar o conteúdo de Educação Física contido nos documentos propostos no ano de 2020, em razão de corresponder ao ano de implementação da política, prospectando o contexto do programa, as epistemologias presentes no documento, as práticas pedagógicas do artefato, bem como suas concepções avaliativas. Para tanto utilizou-se de uma abordagem metodológica embasada nos preceitos da análise documental, que se atenta ao contexto do documento, seus autores, sua legitimidade, a natureza desse texto, os conceitos chaves e sua lógica interna. Dentre algumas das questões observadas até o momento, destacam-se a inversão do papel docente; a superficialidade dos conteúdos; a falta de continuidade entre os mesmos; a supressão de diversos conteúdos fulcrais à área, até mesmo em relação à própria pandemia. Em linhas gerais, o ensino remoto se mostrou pouco acessível devido ao fato de, tanto os professores quanto os estudantes, por vezes, não disporem de aparelhos digitais ou de técnicas de manuseio (letramento digital) dos mesmos, com destaque à questão da eficácia da política pública. No âmbito da especificidade do ensino da Educação Física, os conteúdos propostos, suas epistemologias, há pouco ou quase nada de diálogo/embasamento com a literatura atual da Educação Física Escolar, inclusive em relação aos documentos oficiais. Sobre a prática pedagógica, tem-se um documento suscitando ações reprodutivas, estruturado sob um texto base o qual se orienta sob a perspectiva de responder indagações objetivas e pouco sofisticadas, explorando de modo incipiente os “canais de aprendizagens” e o despertamento à curiosidade, por intermédio da cultura do estudo. No tocante à noção avaliativa, o documento se baliza, de forma geral, em concepções alinhadas à perspectiva de exame, em que seu cumprimento deve servir como passaporte ou não para os próximos anos educacionais. Por fim, até o momento, o estudo indica a problemática na qual se inscreve a prática pedagógica, portanto, um tema atual e importante para o momento delicado da Educação Brasileira.