Infâncias e negritudes: pedagogias de terreiro em um município do Sul de Minas Gerais
Pedagogias do Terreiro; Infâncias; Preconceito Racial; Negritude.
O principal objetivo desta pesquisa é compreender os processos da pedagogia desenvolvida nos terreiros de religiões de matizes afro-brasileiras em um município do Sul de Minas Gerais com vistas a aprender como se articulam saberes e experiências com crianças no que se refere aos seus devires, modos de ser, pensar e expressar. A pesquisa surge a partir da minha vivência como frequentadora e atuante na umbanda, tendo em vista a observação de processos educativos atinentes às crianças transcendendo as diferenças que transitam por ambientes escolares. A proposta de ‘terreiro’ baseia-se em transpor o olhar sobre os currículos hegemônicos nas instituições de Educação Infantil, pois a cultura escolarizante dificulta a potência do encontro com a criança ao nos afastar de um local de escuta. Dentre a inúmeras questões que atravessam o cotidiano educativo, o preconceito racial é um dos marcadores que permeia nossa história. Como muitos sujeitos ainda negam a existência das desigualdades étnico-raciais na sociedade, isso reverbera na escola envolvendo docentes que não reconhecem esse lugar como espaço de tensionamento, invisibilizando os episódios preconceituosos. Imperativo, portanto, desenvolver a luta contra o preconceito racial em todos os ambientes, com destaque às crianças que frequentam a Educação Infantil, palco de enfrentamentos e produções discursivas importantes. A premissa metodológica inicial implica em pesquisar “com” as crianças do terreiro, e não “para” elas, de modo que encetamos como procedimento de produção de material empírico a bricolagem. O desenvolvimento se dará por intermédio de observação e entrevistas com os dirigentes, as famílias e as crianças frequentadoras de terreiros de religião de matriz africana, acompanhando os processos pedagógicos culturais. As observações serão registradas em diário de campo e as entrevistas serão transcritas, visando produzir informações por meio da escuta sensível de crianças do terreiro. Por fim, consideramos que o estudo em tela pode contribuir com discussões e reflexões sobre como conduzir práticas antirracistas a partir das experiências ‘terreiras’.