“EU QUERO MEU CELULAR”: AS TECNOLOGIAS DIGITAIS, A CRIANÇA E A EDUCAÇÃO INFANTIL
Educação Infantil. Criança. Neurociência. Tecnologias digitais.
Na atualidade, observa-se o uso constante e precoce das tecnologias digitais na primeira infância, com um enorme impacto causado pelo uso precoce das tecnologias digitais em crianças. O excesso de uso de telas tem sido apontado pela literatura especializada, em especial pelos estudos neurocientíficos, como algo prejudicial ao desenvolvimento cognitivo. O presente trabalho teve por objetivo investigar quais são as influências das tecnologias digitais na adaptação inicial da criança na Educação Infantil, observando seus comportamentos e seus processos de aprendizagem ligados à memória e atenção. Os objetivos específicos foram os seguintes: 1) utilizar conhecimentos da neurociência para compreender o cérebro da criança e o uso das tecnologias digitais; 2) discutir a atuação do professor como facilitador da aprendizagem, com base na neurociência; 3) analisar como os pais e responsáveis entendem e tratam a relação das crianças com as tecnologias digitais. Para atingir os objetivos, primeiramente, propôs-se uma revisão bibliográfica para entender, com base na neurociência, como o cérebro aprende e quais as suas possíveis modificações com o uso das tecnologias digitais. Em seguida, realizou-se uma pesquisa de campo, de natureza qualitativa, observando os sujeitos da pesquisa durante dois meses, sendo um no início do primeiro semestre e o outro no início do segundo semestre de 2023, mediante ferramentas de coleta e análise de dados etnográficos. Para a coleta de dados, utilizaram-se técnicas etnográficas de observação de duas turmas do 1º período da Educação Infantil, entrevistas com as famílias para investigar como se dá o uso das tecnologias no ambiente familiar e quem participa da interação criança-tela. As professoras também foram entrevistadas para verificar como compreendem e percebem as influências do uso precoce de tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem das crianças. Empregou-se a noção de diário de pesquisa com o intuito de se fazer os registros do passo a passo da investigação, a fim de contribuir com a análise dos dados que, além de se apoiar teoricamente na neurociência, dialogou com alguns princípios dos Estudos Culturais, articuladamente com algumas ferramentas etnográficas. Conclusivamente, das análises sugerem a necessidade de estratégias pedagógicas que equilibrem o uso de tecnologia com atividades que promovam a interação social, a criatividade e o movimento físico. Esse equilíbrio é crucial para garantir um desenvolvimento infantil holístico e integrado. A pesquisa também sublinha a importância de considerar o contexto familiar e as estratégias de mediação parental na análise do impacto das telas no desenvolvimento infantil.