O ENSINO DE FILOSOFIAS INSURGENTES COMO ALTERNATIVA À COLONIALIDADE DO ENSINO TRADICIONAL DE FILOSOFIA
Ensino de filosofia, Eurocentrismo, Filosofia insurgente, Currículo, Lei 10.639/03
Demonstramos e criticamos, nesse trabalho, o caráter colonial e eurocnetrado da concepção de filosofia herdada do ocidente e dos conteúdos filosóficos tradicionalmente ensinado aos estudantes na educação básica. Ao demonstrar a monocultura ocidental do pensamento filosófico canônico apresentamos a concepção pluriversal da filosofia proposto por Magobe Ramose, filósofo Sul-Africano. Reinvindicamos a legitimidade de conhecer, aprender e ensinar filosofias insurgentes, marginalizadas pela tradição filosófica que elegeu o norte global modelo epistemológico universal. Mobilizamos respostas ao problema acerca de como ensinar filosofia de maneira plural, decolonial que incluísse as filosfoias insurgentes. Constatamos que as filosofias africanas, brasileiras e latino-americanas levantam questões mais coerentes com os desafios políticos, pedagógicos e filosóficos que perpassam nosso tempo. Utilizamos, principalmente, os aportes teóricos da historiografia filosófica, do Pensamento Insurgente, do Pensamento Afroperspectivado além dos estudos sobre filosofia brasileira e latino-americana. Ancoramos metodologicamente nosso trabalho em pesquisa bibliográfica e documental e também em análise conceitual. Dividimos nosso texto em três capítulos. No primeiro capítulo apresentamos as concepções de filosofia tanto da tradição ocidental quanto as concepções insurgentes de filosofia a fim de apresentar um conceito de filosofia inclusivo, que abrigasse as epistemologias insurgentes. No segundo capítulo problematizamos o ensino de filosofia e propomos maneiras outras de ensinar filosofia baseadas nas filosofias insurgentes. No terceiro capítulo evidenciamos a colonialidade dos currículos tradicionais de filosofia ao demonstrarmos que as leis 10.639 /03 e 11.645 /08 que tornam obrigatória o ensino da história e da cultura Africana e Indígena, não são contempladas nesses currículos. Neste capítulo também analisamos o apequenamento do espaço da filosofia na nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular) bem como a implementação do novo ensino médio em que a filosofia deixa de ser obrigatória como disciplina e passa a ser recomendado apenas como estudos e práticas. Por fim mostramos como a construção de um currículo que incluia filosofias insurgentes oferece às existências insurgentes que sofrem múltiplas violências visibilidade, reconhecimento e potência para resistir e re-existir com dignidade.