CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE CASTANHAS DO BRASIL PRODUZIDAS EX SITU
variedade genética; espécie; qualidade nutricional
A castanheira-do-Brasil (Bertholletia excelsa) é típica de climas quentes e úmidos
da região Norte do Brasil, sendo suas amêndoas valorizadas por sua riqueza em ácidos
graxos insaturados e minerais. Apesar de poucos estudos sobre o cultivo fora de sua região
natural, a recente frutificação em plantio experimental em Lavras, MG, evidencia o
potencial de expansão da cultura para outras regiões. Este estudo teve como objetivo avaliar
as características químicas e nutricionais de castanhas de duas safras (2022 e 2023)
produzidas em Minas Gerais, comparando-as com amostras provenientes de sete origens
naturais do Norte. As avaliações incluíram composição centesimal, teor de compostos
fenólicos, atividade antioxidante, perfis de ácidos graxos e orgânicos, além da composição
mineral. Não foram observadas diferenças significativas entre as castanhas de MG e do
Norte para a maioria dos parâmetros químicos e nutricionais. Diferenças pontuais foram
identificadas, como menores teores de ácido palmítico (11,54% em MG contra 15,00% no
Norte) e maiores concentrações de ácido α-linolênico em MG. No perfil de ácidos
orgânicos, observou-se predominância de ácido málico em MG (42,05 mg/L), enquanto no
Norte predominavam os ácidos tartárico e glucônico (49,82 mg/L). Quanto à composição
mineral, as castanhas de MG apresentaram maiores concentrações de potássio e magnésio,
enquanto os teores de selênio, bário e cálcio foram estatisticamente semelhantes às amostras
das regiões naturais. A análise de componentes principais (PCA) revelou uma grande
dispersão entre as castanhas do Norte, indicando a diversidade de sua composição química
e nutricional. No entanto, as castanhas de MG mostraram maior proximidade com as
amostras do Pará, especialmente devido às variáveis relacionadas a potássio e magnésio.
Conclui-se que as castanhas cultivadas em Minas Gerais integram a ampla diversidade
observada entre as regiões de ocorrência natural, sendo influenciadas por fatores
edafoclimáticos. Suas características químicas e nutricionais reforçam que, embora
produzidas ex-situ, essas castanhas compartilham semelhanças com diferentes origens
naturais, demonstrando que a produção em Minas Gerais está alinhada à variabilidade
natural da espécie.